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O testamento de Judas
(Daniel Easterman)

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Tive oportunidade de ler estas férias um livro do irlandês Daniel Easterman, adquirido em Espanha com o objectivo de passar o tempo. De seu título "O testamento de Judas", de 1994, cedo me apercebi que estava perante um livro diferente da panóplia que entretanto apareceu sobre os mistérios dos evangelhos, das ordens medievais e de outros produtos de leitura para entretenimento. O autor é professor de História numa Universidade irlandesa, e distingue-se, desde logo, por não ter qualquer tipo de constrangimento nem quaisquer peias em atacar os crimes nazis e o desagradável comprometimeto da Igreja Católica, sem ter que contrabalançar com a inevitável referência ao estalinismo e ao comunismo soviético. O que é impossível no neoliberalismo actual, dado que qualquer tratamento da questão nazi tem que vir acompanhada pelos crimes do comunismo. Cedo me apercebi que este autor nao seria bem vindo na hodierna era liberal, pela franqueza com que abordava questões difíceis, sem suavizar as críticas através de elogios às supostas vantagens do mercado e da pretensa liberdade que ele proporciona. Em 1994, revela um espírito agudo e extremamente perspicaz na perspectiva de um tempo que se iniciava, compreendendo os riscos de um capitalismo sem qualquer tipo de freio à sua sanha devoradora. Abordando com rigor os inefáveis manuscritos do mar morto, recoloca a questão cristã no âmbito dos interesses políticos do vaticano, e da interferência deste no pós-guerra e na minagem do regime comunista, evidenciando o papel contra-revolucionário do Papa João Paulo II, e seu carácter excessivamente conservador e anti-comunista, bem como a vinculação da Igreja institucional à extrema direita europeia. Com este pano de fundo de teor problemático e crítico, constrói uma narrativa admirável, plena de interesse, agarrando o leitor sem o deixar nunca mergulhar em teorias demagógicas e repetitivas, antes deixando lugar a uma constante percepção histórica dos acontecimentos. Decorridos 13 anos, não posso agora deixar de recordar o crescente poder da prelatura da Opus Dei e da nomeação do Papa Bento XVI, alemão e conotado com a linha mais conservadora e reaccionária da Igreja. Em Portugal, Daniel Easterman está pouco traduzido, sendo uma falta grave dada a constante desinformação de romances aparentados, aos montes nos escaparates das novidaes. No entanto é perceptível que isso aconteça, pois o neoliberalismo não convive bem com a liberdade descomprometida que o exímio escritor e historiador irlandês demonstra. Um livro de "bolsilho", como gostam de dizer os nossos vizinhos, que fez grande parte do meu Agosto. A ler repetidamente para quem tenha oportunidade, pois ultrapassa em rigor e em interesse, nove anos antes, o Código da Vinci.



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