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Queda que as mulheres têm para os tolos
(Machado de Assis)

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Machado, eterno enigma Queda que as mulheres têm para os tolos veio a lume no ano de 1861, originalmente publicada na revista A Marmota Fluminense, em cinco números sucessivos: 19, 23, 26, 30 de abril e 03 de maio, e no mesmo ano em livro, um opúsculo de 43 páginas, formato 16 x 12cm , pela Typographia de Paula Brito. Ao longo do tempo, sucederam-se no Brasil as edições de 1936, pela Editorial W..M.Jackson Inc, na “Coleção Machado de Assis”, vol.. 22., de 1943 (fac-similada) pela Academia Brasileira de Letras, na coletânea Ensaios I. Tanto nos folhetins como nos volumes editados aparece sob a indicação de “tradução de Machado de Assis”, sem informar no entanto o nome do autor original. Estudiosos e pesquisadores de Machado de Assis sustentam,todavia,tratar-se de um trabalho original 1-, disfarçado em tradução por ‘timidez’ do autor, mas o ensaísta e machadófilo francês Jean-Michel Massa defendeu, recentemente, ser uma tradução do panfleto publicado anonimamente pela editora F. Renard de Liège, em 1859, com o título “De l''amour des femmes pour les sots”, atribuído posteriormente ao belga Victor Henaux *— ainda que estranho seja o fato de apenas citar a obra, sem maiores detalhes , em seu livro Machado de Assis traducteur 2 , tratando dessa e de outras 47 supostas traduções de Machado [ diz-se “supostas”, grafado , nem tudo em Machado é plenamente confirmado, principalmente em se tratando de traduções ] . ___________ 1 O poeta e crítico literário Fernando Py, por sua vez, especula que um dos motivos do engano veio de Lúcia-Miguel Pereira , para quem a Queda... já mostrava, em esboço, a “Teoria do medalhão”, um dos contos mais característicos da última fase de Machado, daí tratar-se mesmo de um escrito original, e não uma tradução. * Massa teria tido acesso, segundo ele, à 4ª. edição da obra de Henaux, pertencente à Biblioteca Nacional de Paris. 2 Jean-Michel Massa, Machado de Assis traducteur ; s.ed.*, Coimbra, 1966 : o exemplar arquivado no Real Gabinete Português de Leitura,no Rio de Janeiro -- uma “Separata do vol. IV das Atas do V Colóquio Internacional de estudos Luso-Brasileiros “ -- registra “composto e impresso na Gráfica Coimbra” . _______________ O disfarce concebido por Machado, segundo os que asseguram ser uma criação e não tradução – por ‘timidez’ do autor – seria mais um dos inúmeros subterfúgios machadianos : de um lado, por ser Queda... afinal sua primeirissima obra publicada, em 1861 [ mas é bom notar que de sua autoria o poema “Sonetos”, dedicado a uma misteriosa "Ilma. Sra. D.P.J.A." , identificada muito tempo depois como a sra Dona Petronilha, aparecera no Periódico dos Pobres, de 3 de outubro de 1854, com a assinatura J. M. M. Assis.; em 12 de janeiro de 1855 A Marmota Fluminense , de Francisco Paula Brito, estampara “Ela”, até então considerado a peça pioneira (denota-se como em Machado nem tudo é definitivo e corriqueiro, as coisas mudam e oferecem volta e meia novas versões)]; de outro lado, pelo fato de ser ele anda ‘um ilustre desconhecido’ e sobretudo por ser um texto de gênero absolutamente indefinido — não é romance, não é conto, não novela, não crônica, não poesia, não teatro : aproxima-se mais do ensaio (filosófico) .Machado , ‘a la Machado’, teria optado por aparecer como tradutor. Inclusive porque sempre foi (e é) difícil encontrar, comprovar e certificar-se de muitas das traduções feitas por ele : as traduções de Machado são quase mistério, um permanente desafiar críticos, pesquisadores e estudiosos. _______________________________________o extraordinário Paula Brito Francisco de Paula Brito, "o primeiro editor digno deste nome que houve entre nós", em citação de Machado de Assis,exerceu papel fundamental no desenvolvimento//deslanchar da carreira literária de Machado – bem como de muitos outros escritores, em meados do século XIX. Inaugurou, na verdade, uma vertente histórica e uma linhagem de editores ou casas editoriais que se constituíram em ponto de encontro da elite cultural e de ientivo à produção literária (assim o foram , por exemplo, a paulistana Casa Garraux, de Anatole Louis Garraux, na década de 1870, a Livraria de B.L. Garnier, na década de 1860/70, a Livraria Francisco Alves, no final do século XIX, a Livraria José Olympio Editora na década de 1930). “E depois de ajudar na missa, vinham os passeios pela cidade,que conhecia palmo a palmo, eram as estações junto aos sebos,namorando os livros. O moço corria para o Largo do Rocio, no número 64 da Praça da Constituição, onde ficava situada a Livraria de Paula Brito” 3. Em 1854, aos 22 anos, Machado de Assis já rabiscara os primeiros versos e lia avidamente os poemas e romances-folhetins nos poucos jornais existentes na época.; e sonhava em enviar suas produções.Até que a 12 de junho de 1855 teve publicado em A Marmota Fluminense, de Paula Brito seu poema “Ela”; e na livraria, ponto de encontro dos jovens escritores da época, Machado foi também acolhido, por iniciativa do próprio Paula Brito. Figura extraordinária, esse impressor,editor,jornalista,autor e o maior incentivador da literatura brasileira naquela época. Até 1864 Machado colaborou com a revista de Paula Brito, publicando poesias e mais poesias no mais arrebatado estilo romântico de então, mas também trabalhos em prosa: “O passado,o presente e o futuro da literatura”, que marca sua estréia no ensaio crítico , e a (fraca) novela “Madalena”, primeira incursão na prosa ficcional. ambos em 1858.. Por esse tempo, teve Machado ainda a amizade e acolhida de Manuel Antonio de Almeida, diretor da Imprensa Nacional onde Machado consegue o lugar de tipógrafo de 1856 a 1858., ano em que incorpora-se de vez ao grupo de A Marmota Fluminense, e da Sociedade Petalógica, “sociedade lítero-humorística” fundada por Paula Brito – cuja loja era um verdadeiro cenáculo, frequentada pelas figuras de maior relevo daquele tempo, reunindo todo o movimento romântico de 1840-60,dos poetas Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Araújo Porto-Alegre e Laurindo Rabelo a romancistas como Macedo, Manuel Antonio de Almeida , Teixeira e Souza, dos compositores Francisco Manuel da Silva ao ator João Caetano, além da presença de personalidades como os ministros José da Silva Paranhos (barão do Rio Branco), Eusébio de Queiroz, o senador Francisco Otaviano, líderes da sociedade como Antonio Maciel Monteiro, os jornalistas Joaquim de Saldanha Marinho e Firmino Rodrigues, aglutinados em torno da personalidade ímpar de Paula Brito, que fazia de sua loja um “ponto de encontro neutro,onde os conflitos partidários rediam-se em favor das letras e das artes” 4. Até que em 1861, já escrevendo no Diário do Rio de Janeiro (de 1860 a 1867, com artigos e crônicas sobre política, inclusive cobrindo o Senado Federal), publica Queda que as mulheres têm para os tolos ; e no ano seguinte tem editado em livro,por Paula Brito, duas de suas primeiras peças teatrais “O caminho da porta” e “O protocolo”, encenadas em 1862 no Ateneu Dramático [sabendo-se que a primeiríssima foi “Desencantos”, escrita em 1861]. _______________ 3 Josué Montello,Machado de Assis,ed. Verbo, Lisboa, 1972 4 Eunice Ribeiro Gondim, Vida e obra de Paula Brito ; ed. Brasiliana, Rio de Janeiro,1965. _____________________ O fato de Paula Brito ter se tornado o livreiro preferido pela elite intelectual do Rio de Janeiro, bem como o principal editor da época - sucedendo o ‘lendário’ impressor francês, estabelecido no Rio de Janeiro desde 1824, Pierre René Plancher -- exemplifica sua capacidade,energia,determinação e habilidade – reconhecidas e incentivadas até a década de 1840 por Pedro I ,consolidada pela admiração de Pedro II por seu empenho em estimular os escritores brasileiros. O próprio imperador foi o principal acionista da nova Imperial Typographia Dous de Dezembro, inaugurada neste dia de 1850, data do aniversário do imperador e de Paula Brito – e onde Machado foi trabalhar a partir de 1858 como revisor de provas e caixeiro -- inclusive pioneiramente com investimento externo. As



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