O vestido
(Carlos Herculano Lopes)
O vestido – Carlos Herculano Lopes
O mineiro Carlos Herculano Lopes retoma o célebre poema de Carlos Drummond de Andrade, “ O caso do vestido”, e elabora um romance que serviu também de roteiro para o filme “O vestido”, de Paulo Tiago. Não se trata de uma simples paráfrase, pois houve reinvenção do drama de uma mulher traída, do dilema do marido, da ambigüidade da “dona de longe”, num contexto assinalado por crimes políticos, interesses econômicos e lutas pela sobrevivência. Herculano compõe um romance orientado pelo poema, desenvolve ficcionalmente a história, dá nome aos protagonistas, inventa tramas, cria mais personagens, alarga o espaço e o tempo, recorre a outras fontes intertextuais e insere aspectos que nada têm a ver com o texto original. Os diálogos são inseridos no texto sem o uso de aspas ou travessões. A narrativa é feita na primeira pessoa, pela esposa de Ulisses, Ângela Barbalho, que é mãe de Fátima e Ritinha. A amante de Ulisses é batizada de Bárbara. Os nomes, como se vê, não são aleatórios: Ulisses evoca o personagem de Odisséia, que ficou vinte anos afastado da família, aguardado pela fiel e perseverante esposa Penélope. No romance, Ulisses fica quase cinco anos vivendo com Bárbara, distante de sua família. Ângela , que tem nome positivo, angelical, contrasta com Bárbara, a invasora que viera destroçar aquele lar. Entretanto, é preciso atentar para o sobrenome de Ângela, Barbalho, que tem a metade de Bárbara: segundo sua sogra, a família Barbalho de Grão Mogol, não era gente boa. Ângela, embora permaneça fiel, como Penélope, em um momento deixou que Fausto a beijasse e tocasse seus seios. Fausto, o primo de Ulisses, evoca o nome do personagem de Goethe, que fizera pacto com o diabo. O credor de Ulisses contrata a atriz Bárbara, em Belo Horizonte, para seduzir Ulisses e deixar o caminho aberto para que ele pudesse conquistar Ângela, sua paixão de adolescente.
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