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De panacéia mística a especialidade médica: a acupuntura na visão da imprensa escrita
(Marilene Cabral do Nascimento)

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Na segunda metade da década de 1970, a acupuntura sofria uma importante resistência por parte dos conselhos de medicina, onde era classificada como "charlatanismo" e "crendice". A partir de 1976, os jornais passaram a anunciar o "movimento pelo reconhecimento da acupuntura" (Folha de S. Paulo, 13.4.1977). Era uma ofensiva de seus defensores, representados por Frederico Spaeth (1912-90), com o argumento de que a ação de "charlatães" se devia à ausência de regulamentação da acupuntura.A partir de 1976, os jornais passaram a anunciar o "movimento pelo reconhecimento da acupuntura" (Folha de S. Paulo, 13.4.1977). Era uma ofensiva de seus defensores, representados por Frederico Spaeth (1912-90), com o argumento de que a ação de "charlatães" se devia à ausência de regulamentação da acupuntura. O "movimento pelo reconhecimento da acupuntura" revelou uma estratégia de legitimação, que vem sendo fortalecida desde então: a de associar a acupuntura e a medicina ocidental contemporânea, sob a égide da ciência.[BR] Os resultados da estratégia de legitimação adotada pelos acupuntores se evidenciaram no início da década de 1980. As reportagens de cunho institucional passaram a ser, a partir de então, a principal abordagem sobre a acupuntura na imprensa escrita. Foram noticiadas a sua implantação em diversas unidades do serviço público de assistência à saúde, a realização de congressos nacionais de acupuntura e, ainda, a criação de cursos de formação. As reivindicações dos acupuntores ao Estado eram, princi-palmente, a regulamentação e a fiscalização da profissão, a introdução da acupuntura na rede de hospitais do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps), e sua adoção pela Previdência Social. Havia, no entanto, interesses conflitantes entre eles. Duas propostas dividiam a categoria: a que defendia a exclusividade médica para a prática da acupuntura, e aquela que também considerava o seu exercício por profissionais não-médicos, desde que devidamente habilitados. Esta polêmica veio a interferir no processo de expansão da acupuntura no serviço público de assistência à saúde, atingindo, em especial, o chamado projeto Inamps, em que se previa a adoção da terapêutica em nível nacional.[BR]Bloqueado o projeto Inamps, a expansão da acupuntura nos serviços públicos de assistência à saúde se deu graças a acordos locais, como acontecera na introdução dessa modalidade terapêutica nos hospitais do município do Rio de Janeiro: da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Pedro Ernesto, da UERJ; e Paulino Werneck (O Globo, 8, 7, 29.7.1984). O processo democratizante que se presenciava na sociedade, de maneira geral, e no setor de saúde, veio a facilitar o andamento desse processo. [BR]A década de 1990 se iniciou com uma agudização da conjuntura econômica e fiscal no país, e uma profunda crise financeira em todos os níveis do setor público. Houve declínio no financiamento público do setor de saúde e o recrudescimento das forças políticas conservadoras e clientelistas. Ao mesmo tempo, o processo de municipalização dos serviços de saúde, parte da implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), veio acompanhado de uma progressiva diminuição do espaço de atuação dos outros níveis de governo, propiciando cada vez mais a construção de acordos e soluções locais. [BR]A leitura comparativa dos jornais nas três conjunturas — 1974-79, 1980-89 e 1990-95 — mostrou certa coerência e revelou um mesmo grupo de temáticas no tratamento do noticiário sobre a acupuntura. [BR]O grupo mais organizado e de maior status social, formado pela categoria médica e pelos médicos acupuntores, representados por seus conselhos e associações profissionais, não só obteve maior espaço nos jornais, mas também elegeu a maioria dos eventos que se tornaram notícia, de acordo com seus próprios interesses e convicções, nas três conjunturas analisadas. Houve apenas uma reduzida expressão de associações em que se incluem acupuntores não-médicos. [BR] Notamos a ausência de expressão da população no espaço jornalístico dedicado à acupuntura.[BR]Os resultados das pesquisas científicas mencionados nos jornais8 informam sobre a confirmação da ação da acupuntura sobre a sen-sação dolorosa, através de explicação em termos neurofisiológicos e bioquímicos. Mas isto representa apenas um início na tentativa de explicar cientificamente os mecanismos de ação da acupuntura. Ainda assim, as respostas produzidas pelo sistema nervoso de acordo com os diferentes pontos escolhidos permanecem um mistério para os pesquisadores.A aceitação da eficácia da acupuntura, mesmo em sua ação sobre a dor, vem ocorrendo, em larga medida, independentemente do progresso do conhecimento médico sobre os seus mecanismos de ação. A constatação de sua efetividade e eficácia, por parte de pacientes e terapeutas, tem sido, em nosso entendimento, o principal fator a motivar sua adoção e expansão nos serviços e nas instituições de atenção à saúde. [BR]



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