LENDA DO PRIMEIRO KUARUP
(Jerson)
LENDA DO PRIMEIRO KUARUP
Para Orlando Villas-Boas, os nativos não têm nada de selvagem ou violento. “No livro Xingu: “os índios e seus mitos”, que escreveu com seu irmão Cláudio, diz que em mais de 40 anos de sertanismo, nunca viu um índio discutir com outro é que eles vivem em sociedades “pacificas é equilibrada”, porque lá ninguém tem fascínio pelo poder é pela riqueza, cujos chefes, na verdade, são velhos é suaves conselheiros. Em sua opinião, toda a estabilidade é coesão tribal estão assentadas num mundo mítico.
O livro conta que a lenda Kamayura, da primeira festa Kuarup, tal como esses índios no Parque do Xingu para homenagear os mortos. Totens feitos em tronco da madeira chamada kuarup é a representação concreta do espírito dos mortos ilustres. Poderia corresponder a cerimônia do Dia de Finados cristão, se o Kuarup não fosse uma festa alegre, positiva, exuberante, onde cada um põe a sua melhor indumentária é pintura corporal. Na visão dos índios, os mortos não querem ver os vivos tristes ou feios.
A cerimônia é inspirada num profundo sentimento humano, realizada em maio de cada ano é sempre na noite de Lua-Cheia. Num cenário fantástico, os índios convidam as tribos amigas para evocar juntas as almas dos seus mortos. Ainda noite, trazem da floresta vários toros de madeira kuarup, conforme o numero de mortos. Os toros são recortados na forma humana de cada morte é neles pintadas a respectiva insígnia que em vida os faziam distinguir pajés, guerreiros, caçadores ou até mesmo aqueles que maior numero de descendentes legaram a comunidade.
Mavutsinim foi o primeiro homem (pai de todos os homens) criador das pessoas, dos povos, do mundo, da serpente, do fogo é da água. Equivale à figura do Deus que habitava o Morena, um lugar mítico. “Mavutsinim criou a mulher a partir de um tronco chamado “mawu”, passando uma folha denominada “ anemob” sobre ele é rezando. Depois pegou um mosquito é colocou suas asas no nariz da mulher, que espirrou é despertou. Ao ver Mavutsinim que a mulher não tinha cabelo, colocou-lhe então um cabelo comprido. “O primeiro filho desta mulher chamou-se “Ianama” é a primeira filha “Tanumakalo”.
A partir desses troncos, se formaram as nações índias do Xingu. Deste modo, foram criados ainda os Aurak, Kuikuro, Nafukua, Kalapalo, Machipu, Yaealapiti, Trumae, etc. é os enviou para povoar o mundo.
Mavutsinim, o antepassado dos índios do Xingu, queria ainda que os seus mortos voltassem a vida. Foi para o mato, cortaram três toros da madeira de Kuarup, levou para a aldeia é os pintou. Depois de pintar, adornou os paus com penachos, colares, fios de algodão é braçadeira de penas de arara. Feito isso, Mavutsinim mandou que fincassem os paus na praça da aldeia, chamando em seguida o sapo-cururu é a cutia (dois de cada), para cantar junto dos Kuarup. Na mesma ocasião, levou para o meio da aldeia peixes é beijus para serem distribuídos entre o seu pessoal.’
Os maracá-ep (cantadores), sacudindo os chocalhos na mão direita, cantavam sem cessar em frente dos Kuarup, chamando-os a vida. Os homens da aldeia perguntavam a Mavutsinim se os paus iam mesmo se transformar em gente ou se continuariam sempre de madeira como eram. Mavutsinim respondia que não, os paus de Kuarup iam-se transformar em gente, andar como gente é viver como gente vive.
Depois de comer os peixes, o pessoal começou a se pintar é dar gritos. Todos gritavam. Só os maracá-êp é que contavam. No meio do dia terminaram os cantos. O pessoal, então, quis chorar Kuarup, que representavam o seus mortos, mas Mavutsinim não permitiu, dizendo que eles, os Kuarup, que representavam os seus mortos, mas Mavutsinim não permitiu, dizendo que eles, os Kuarup, iam virar gente, é por isso não podiam ser chorados.
Na manha do segundo dia, Mavutsinim não deixou que o pessoal visse os Kuarup. “Ninguém pode ver”, diz ele. A todo momento, Mavutsinim repetia isso. O pessoal tinha de esperar. No meio da noite desse segundo dia os toros de paus começaram a se mexer um pouco. Os cintos de fios de algodão e as braçadeiras de penas tremiam também. As penas mexiam como se estivessem sendo sacudidas pelo vento. Os paus estavam querendo transformar-se em gente. Mavutsinim continuava recomendando ao pessoa para que não olhasse. Era preciso esperar. Os cantadores – os cururus é as cutias – quando os Kuarup começaram a dar sinal de vida cantaram para que fossem banhar logo que vivessem. Os troncos se mexiam para sair dos buracos onde estavam plantados, queriam sair. Quando o dia principiou a clarear, os Kuarup do meio para cima já estavam tomando forma de gente, aparecendo os braços, o peito é a cabeça. A metade de baixo continua pau ainda. Mavutsinim continuava pedindo que esperassem que não fossem ver. “Espera... espera... espera”, dizia sem parar. O Sol começava a nascer. Os cantadores não paravam de cantar. Os braços dos Kuarup estavam crescendo. Uma das pernas já tinha criado carne. A outra continuava pau ainda. No meio do dia, os paus começavam a virar gente de verdade. Todos se mexiam dentro dos buracos, já menos madeira do que gente. Mavutsinim depois mandou que retirassem dos buracos os toros de Kuarup. O pessoal quis tirar os efeitos, mas Mavutsinim não deixou. “ Tem que ficar assim mesmo”, disse. É em seguida mandou que os lançassem na água ou no interior da mata.(Fonte:Revista Amazon View)
Resumos Relacionados
- A Arqueologia Da Violência
- Incidente Em Antares
- Aventureiro
- Xingu - TerritÓrio Tribal
- Estudo Mostra Lousebuster é Notícia Ruim Para Piolho Em Qualquer Clima
|
|