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uma mãe muito atrevida
(jocame)

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Escreva o seu resumo aqui.Uma mãe bem atrevida Autor: João Carlos MesquitelaExtrato do Livro do Autor " Coletânea de Contos Africanos" Em 1979, fui convidado a participar de uma equipe especializada na captura e recondução de animais no Kenia. Aceitei
porque me pagavam relativamente bem, e porque participaria pela
primeira vez, de um tipo de caçada diferente, cuja intenção não era
matar, mas capturar animais vivos, enjaulá-los, cadastrá-los, medi-los,
classificá-los para depois transferir para outras áreas, menos
povoados, onde poderiam recomeçar suas vidas em liberdade e protegidas pelo homem. Três
longos anos se haviam passado desde então, mas, apesar de minhas
andanças por Africa, jamais deixei de manter contacto com eles. Percorrendo o caminho para o Parque Nacional, já em Nairobi, fui
posto a par do trabalho que estavam desenvolvendo, programa esse
patrocinado pelo Governo local, pressionado com toda a certeza pela
opinião pública mundial, no intuito de salvar alguns leopardos que, na
área, apesar dos esforços dos guardas e da polícia, estavam em quase
extinção por ação de caçadores de peles clandestinos. Iniciamos
logo nosso trabalho, passando uma revisão ás armadilhas mecânicas
colocadas em diversos pontos estratégicos do parque. Eram vinte e uma
ao todo. E recolhemo-nos para jantar e conversar um pouco, matando
saudades de três anos de ausência. No
dia seguinte, ao rastrear as armadilhas, preso em uma delas, um
leopardo bébé, tentava libertar-se das grades que o prendiam, soltando
miados desesperados. Não teria mais de seis meses. Portanto mamava, e
com certeza sua mãe se encontrava por perto, se não fora abatida. Com
cautela, tomando todos os cuidados para que não tivéssemos alguma
surpresa, aproximei-me da armadilha e estendi a mão para o animalzinho
que assustado reagiu violentamente, Atacando com as garras em riste. Resolvemos não forçar e mandamos que carregassem a jaula para o jeep. As outras armadilhas estavam livres. Durante
uma semana inteira, tentamos alimentar o bichinho, que não aceitando
nossa presença, se negava em tocar no que quer que fosse que ali
deixássemos, ameaçando atacar mostrando suas garras afiadas. Tudo
tentamos para que a oncinha se mostrasse um pouco mais amigável. Os
dias foram passando, e algo realmente nos começou a intrigar, se o
animal não se alimentava, como podia manter seu vigor físico, não
apresentando qualquer sintoma de fraqueza, antes pelo contrario, estava
forte e sadio e cada vez mais violento. Resolvemos
então investigar o que se passava, pois não era natural o que
acontecia, assim, se decidiu que passaríamos a ficar de tocaia, um por
vez, dia e noite. Como era o primeiro dia, entricheirados dentro de um
grande container, onde colocamos três cadeiras, mandamos abrir umas
brechas nas laterais, de onde, com segurança e sem ser vistos, ficamos
aguardando os acontecimentos. O
Dr Kennet transportou para ali sua câmara de video, equipada de
infravermelhos, a fim de podermos registrar qualquer anomalia e
dispusemo-nos a esperar....... Tivemos
então, a oportunidade de observar, algumas horas depois, algo que nunca
poderia passar sequer por nossas mentes, algo que reputamos de
fantástico, de extraordinário, que nos surpreendeu e enterneceu de
verdade! Eram
cerca de duas horas da manhã, o céu sem nuvens e a lua cheia deixava
tudo ao redor com um brilho nacarado, a luminosidade nos permitia
observar até bastante longe, quando, uma sombra esguia e furtiva,
extremamente cautelosa, avançava a cerca de três metros de distancia
sem ruído, protegida por suas patas almofadadas, e se dirigia
diretamente para a jaula onde se encontrava nosso pequeno leopardo. Contendo
a respiração, cada um de nós, olhava pelas frestas, e observamos como a
sombra, deu algumas voltas em redor da jaula, depois parou,olhou para
nós como que pressentindo algo diferente, escutou por alguns momentos,
e depois com as patas tentou abrir as grades. Não
conseguindo seu intento, deitou-se o mais junto possível, ajeitou-se e
literalmente de ladoí colada ás grades, ofereceu suas tetas a oncinha
que se deliciou quanto pode, direi mesmo, até cansar, depois, saciado,
levantou-se e tentou com a patinha brincar com sua mãe que se limitou
apenas a cheirá-la uma vez mais, e tão reptíciamente como chegara,
partiu. Emocionados,
olhamos uns para os outros, como a querer sentir na realidade e na
escuridão em que nos encontrávamos os sentimentos porque cada um de nós
passava naquele momento. Abrimos nosso abrigo, quando o Dr. Kennet, levou a mão á testa e soltou um palavrão. Olhamos para ele, que apontou a câmara de video que ali ficou sem funcionar, pois nos esqueceramos de ligar. Decidimos então, deixar o animalzinho no cativeiro mais um dia, para podermos gravar estas imagens. De
novo a cena se repetiu, só que desta gravamos as imagens tão esperadas,
das quais eu tenho uma fita que não me canso de vêr e guardo com
carinho especial. O
amôr maternal não é só apanágio do ser humano, o mesmo sentimento se
reflete, talvez até, com mais ardor, entre os mais sanguinários animais
selvagens. Restava para nós, ainda fazer algo, capturar a mãe! Colocamos uma rede no chão, cobertas de folhas, exatamente no local em que sabíamos ir alimentar seu filhote. Uma vez aprisionada, colocamo-la na mesma jaula de seu filhote. Tão
impressionados ficamos com a atitude desta mãe, que resolvemos levá-la
nós mesmos a seu destino, o que implicou numa viagem de três horas de
helicóptero. No
momento em que, já no destino subi na Jaula e levantei a porta para que
os nossos hóspedes pudessem finalmente sair e viver em liberdade e
segurança vi, que no rosto negro da Dra Margareth, brilhava uma lágrima
furtiva..... de felicidade.



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