O Globo
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Quanto vale a Liberdade? Fabrício, 21 anos, de Minas Gerais recebeu o alvará de soltura após cumprir pena por roubar uma mercearia. Nada corriqueiro foi o pedido feito, via carta, ao Juiz, para mantê-lo na cadeia pois temia voltar a roubar, já que não tem documentos, nem família ou emprego. A APAC, a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, prometeu assistência, pois a lei não permite detentos que cumpriram a totalidade da pena, sejam mantidos encarcerados. Dando todos os recursos necessários para ser reitegrado à sociedade. Questiona-se muito o papel do sistema penitenciário brasileiro, considerado por muitos como "escola do crime". Sem dúvida, há muita verdade nisso. Mas o preconceito excludente da sociedade, marca muito mais. Quem contrata uma pessoa com ficha criminal para sua empresa? Quem agrega um familiar de índole, dita, negativa para o convívio social de bom grado? Bilhares de conjecturas acerca do Amor, foram feitas por filósofos, poetas e religiosos. Mas é triste saber que alguém em tão tenra idade, troca sua liberdade, dom divino, por saber que em um país controverso, sua cidadania de nada vale. Abandonado à própria sorte, prefere estar na cadeia, onde alimentação precária e acomodações superlotadas são bençãos, uma vez que esses direitos básicos não são respeitados. Pode-se dizer que com 21 anos, uma pessoa com força de vontade pode ter uma vida digna, mas a questão é que, por maior dramaticidade e fatalismo que essa idade imprime nos discursos dos jovens, a desesperança é comum a boa perte dos brasileiros, ex-detentos ou não. Uma prova, são as várias campanhas governamentais de combate a fome, a evasão escolar e a frequente disputa por terra de movimentos de agricultores pobres e similares urbanos como os sem-teto. A FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, calcula 32,8% do orçamento familiar para habitação e, 22,7% para alimentação. Com o salário mínimo atualmente é de R$380,00 pode-se dizer que o preço da liberdade para Fabrício custa aproximadamente U$100. Alguém já leu a Constituição?
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