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A PUPUNHA DO AMAZONAS
((Charles R. Clement2; Lenoir A. Santos; Jerson Aranha))

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A Situação Atual da Pupunha no Amazonas A pupunha é mencionada nos relatos dos primeiros europeus a visitar o Estado do Amazonas, frequentemente com destaque. Por exemplo, o historiador natural brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira trabalhou na Amazônia entre 1783 e 1792, inclusive com longa permanência no que é hoje o Amazonas, e destacou a importância da pupunha, observando que é uma das primeiras fruteiras plantadas em frente de uma casa nova ou numa roça nova. É dele a observação que a vista de uma pupunheira alta ao longo do rio é o primeiro sinal seguro de habitação humana atual ou passada (Ferreira 1972). Embora a pupunha certamente é menos importante hoje do que era na época da conquista, ainda é encontrada na maioria das jardins caseiros e roças do interior do Amazonas. Quando uma espécie é ou foi tão importante como foi a pupunha, populações daquela espécie foram domesticadas pelos povos indígenas e mantidas pelos povos tradicionais. Estas populações domesticadas foram diferenciadas pela seleção e propagação humana até serem transformadas em raças primitivas. Durante as expedições de prospecção de recursos genéticos de pupunha em 1983 e 1984, financiadas pela AID dos EUA (Clement & Coradin 1988), foram descritas diversas raças primitivas no Estado do Amazonas (Mora Urpí & Clement 1988): C A raça `microcarpa' Pará, cuja distribuição se estende da fronteira com Pará até acima de Manaus ao longo dos rios Solimões e Negro no oeste. Como resultado da 1ª expedição neste projeto de ProBio acreditamos que a raça Pará também ocorre ao longo do rio Madeira e seus tributários no sudeste do Estado. C A raça `microcarpa' Juruá, cuja distribuição se estende da fronteira com Acre ao longo do rio Juruá até misturar-se com a raça Solimões em algum lugar ainda não determinado acima de sua confluência com o rio Solimões. C A raça `mesocarpa' Solimões, cuja distribuição se estende de perto de Coari até perto de Fonte Boa ao longo do rio Solimões. No entanto, Rodrigues et al. (2004) demonstraram que esta raça não é geneticamente diferente da raça Putumayo quando analisada com marcadores moleculares RAPDs. Estes autores sugeriram que a raça Solimões pode ser uma zona de introgressão entre as raças Pará e Putumayo, uma hipótese que ainda não foi testada. C A raça `macrocarpa' Putumayo, cuja distribuição se estende de perto de Fonte Boa até a fronteira com Peru e Colômbia, inclusive ao longo do rio Içá e uma parte dos rios Jutaí, Javarí e Japurá. C A raça `macrocarpa' Vaupés, cuja distribuição se estende ao longo do alto rio Negro, rio Vaupés e rio Içana, no noroeste do Estado. Se mistura com a raça Pará no meio ou baixo rio Negro ou se existe uma raça não descrita no meio rio Negro ainda não é conhecida. Embora existem algumas lacunas, como nos meios rios Negro, Purus, Juruá, Jutaí e Javarí, é pouco provável que outras raças importantes existem no Estado do Amazonas. O que não sabemos é o que está acontecendo com as populações de pupunha neste Estado, pois ao longo dos séculos após a conquista européia a população indígena foi dizimada, chegando a um provável nadir no final do século 19 e início do século 20 (com a escravização para extração de borracha). Clement (1999) sugeriu que a perda de 90-95% da população indígena deveria ter resultado numa perda similar de seus recursos genéticos agrícolas, embora seja uma hipótese impossível de ser testada. A partir do século 17, os portugueses e, mais tarde, os brasileiros começaram a ocupar a região e, embora tivessem adotado muitos cultivos amazônicos, introduziram novas preferências alimentares, o que teve impacto ainda não avaliado sobre demandas urbanas e rurais para produtos da Amazônia. O ciclo da borracha também atraiu um grande número de colonos de outras partes do Brasil, trazendo suas preferências alimentares, outra vez com impacto sobre demanda. Com a criação da Zona Frnaus, o interior do Amazonas foi essencialmente abandonado pelos governos estaduais, resultando num fluxo migratório pronunciado do interior rumo à capital, fluxo que continua até hoje. Por exemplo, entre 1985 e 1995 a terra em produção no Estado recolheu em 43,3%, de 5.859.511 ha para 3.322.566 ha (IBGE 1996). Isto representa o abandono de muitos sítios e seus jardins caseiros e roças com pupunha. A quantificação desta perda provavelmente é impossível hoje, mas a perda certamente não é pequena e está continuando. O objetivo deste documento é avaliar a situação atual de pupunha no Estado do Amazonas, pois mudanças nas preferências alimentares continuam, o agronegócio de pupunha para palmito expandiu e contraiu após 1995, com a introdução de grande quantidade de germoplasma de Yurimáguas, e as agências de fomento continuaram a incentivar o plantio de pupunha, embora em menor escala. Se as demandas estão estagnadas, essas forças de mudanças deveriam ter um impacto no uso e na conservação de pupunha. (Charles R. Clement2, Lenoir A. Santos, Jerson Aranha)



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