Sputnik Meu Amor
(Haruki Murakami)
Em Sputnik, Meu amor, são bem visíveis as obsessões ocidentais
do autor. O livro conta a história de um triângulo amoroso uma
aspirante a escritora de vanguarda, Sumire, apaixona-se platonicamente
por uma mulher misteriosa e muito rica, Miu, que tem um negócio de
importação de vinho e que estudou piano clássico em França. O narrador
é um professor primário que, por sua vez, ama silenciosamente Sumire.No fundo, as três personagens funcionam como satélites em órbitas
diferentes, que podem por vezes encontrar-se num ponto. O que nos leva
ao título bizarro Sputnik surge de um mal-entendido inicial entre as
duas mulheres; uma delas fala em Jack Kerouac; a outra confunde beatnick com sputnik;
ambas se riem. Mais tarde, também se explica que a palavra russa
significa "companheiro de viagem", justificando assim um dos temas
deste livro, a demanda, a busca de algo inatingível. Quando Sumire
reflecte sobre a sua escrita, a sua concepção do mundo, a confusão dos
seus sentimentos, escreve esta frase reveladora "A percepção não passa
da soma dos nossos mal-entendidos". Estamos, pois, no terreno da incerteza. Porque Sputnik, Meu Amor é
uma viagem poética pelas estranhas órbitas de "solitários pedaços de
metal", cada um deles habitado por um viajante que mal compreende a sua
paixão. Este é um pequeno romance que se lê num fósforo e o truque de Murakami
para agarrar o leitor é conciliar a simplicidade da escrita com a
espessura das personagens. Enfim, o autor apaga-se, como se fosse o
árbitro de um daqueles raros jogos de futebol em que tudo correu tão
bem que ninguém se lembra de quem mediava o espectáculo.
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