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A Sociologia dos estabelecimentos escolares: um campo em permanente reconstrução
(Leila Alvarenga Mafra)

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Segundo MAFRA, ao longo das décadas de 1970-1990, assistimos a várias modificações nos paradigmas investigativos acerca dos estabelecimentos escolares, as quais vão desde uma predominância dos modelos investigativos quantitativos, até a influência de teorias pós-críticas (ou pós modernas). Abaixo tentarei realizar uma breve síntese acerca do que a autora levanta a respeito de cada um destes modelos de investigação dos estabelecimentos escolares:

a) As abordagens funcionalistas e os métodos quantitativos
A respeito de tais métodos e abordagens a autora indica que estes se articulam em torno de duas preocupações principais:

“a primeira procura identificar os efeitos agregados dos estabelecimentos de ensino nos resultados escolares de seus alunos; a segunda busca apreender e compreender a estrutura organizacional e as relações interpessoais, vivenciadas em diferentes tipos de escola [...](p. 111)”.

Segundo MAFRA, dentre os exemplos mais célebres que podem serdestacados estão os dos relatório Coleman e do relatório Plowden, os quais buscavam compreender de que maneira as diferenças culturais e sociais experimentadas por algumas crianças se convertiam em “déficits” de aprendizagem e de desempenho escolar. Ainda segundo a autora estas abordagens eram carregadas de uma visão pessimista, a qual dava a idéia de que fatores externos à escola intervinham deforma dramática sobre alguns grupos fazendo com que estes de forma alguma estivessem preparados para te bom desempenho dentro da estrutura escolar.

b) As instituições escolares como organizações complexas
A esse respeito, MAFRA indica que esta vertente investigativa teria sido inicialmente influenciada (especialmente nos anos de 1970) pela Teoria de Análise de Sistemas. Tal teoria estabelece comparações entre a escola e outros sistemas organizacionais (como empresas) e através destas analogias se propõe a estudar a escola em algumas dimensões ligadas especialmente à administração e às relações interpessoais. Nos anos de 1980 esta teoria sofre algumas críticas no que se refere à tentativa de simplificar elementos complexos e então passa-se a adotar um paradigma pautado na noção de complexidade. Tais estudos passam então a enfocar o clima da escola e a cultura organizacional[1], tomados como elementos de grande poder de explicação. A grande diferença de enfoque está no fato de que tal gama de estudos enfatiza a prevalência de fatores intra-escolares no que diz respeito aos fenômenos ligados às relações interpessoais.

c) O Paradigma estruturalista e a teórica crítica nos estudos sobre os estabelecimentos escolares
No que se refere a este paradigma, a autora indica que tais estudos surgiram na década de 1970 e influenciaram de maneira bastante forte este campo de investigação. Segundo a autora, os estudos estruturalistas: “projetam a pedagogia para fora da escola (p. 117)”, na medida em que atribuem à escola somente um papel reprodutor, seja no que se refere a´reprodução social (tal como visto nos estudos de Althusser, Baudelot e Stablet), seja no que se refere à reprodução cultural (como os estudos de Bourdieu e Passeron). Para MAFRA, estes estudos possuem como principais fraquezas o pessimismo inerente a estas análises, bem como a negação da possibilidade de transformações culturais ocorridas no interior da própria escola, já que esta seria mero apêndice da cultura (ou da sociedade).

d) As abordagens etnográficas nos estudos sobre estabelecimentos escolares: primeiras incursões
Em relação às abordagens etnográficas, MAFRA destaca que estas começaram a ser utilizadas nos EUA em meados da década de 1970 e vieram a se constituir em um importante contraponto à ênfase quantitativa dos estudos em educação. Delineadores de nova metodologia, grande parte de suas técnicas teria subsidiado boa parte do que se convencionou chamar em Educação de metodologias qualitativas. Tais abordagens teriam como principal elemento a volta do olhar para o interior das salas de aula e trazido novo sentido para o dimensionamento do estudo dos estabelecimentos escolares, ou seja, a valorização do nível individual e das interações intersubjetivas diretas. A autora aponta como principal fraqueza destes estudos a perda do contato com as realidades sociais maiores haja visto o foco centrado muitas vezes somente para as interações ocorridas no âmbito das salas de aula, esquecendo-se que estas são componentes de um universo social mais amplo.

e) A Abordagem sociocultural na Sociologia dos Estabelecimentos Escolares: alguns avanços nos anos 1980-1990

Em relação a esta abordagem, o texto faz referência a estudos que tomam como objeto não somente a dimensão social mais ampla, e nem tampouco somente a dimensão concernente às salas de aula, mas sim os que procuram em perspectiva relacional abordar os aspectos sociais e culturais dos estabelecimentos escolares. Neste sentido, para MAFRA merecem destaque os estudos referentes às relações entre a escola e à cultura, divididos nas seguintes categorias: a) estudos sobre a cultura na escola (estudos que procuram examinar as características sócio-culturais dos atores presentes na escola); b) estudos sobre a cultura da escola (estudos que tem como objetivo compreender como se compõe as características marcantes da identidade, do ethos do estabelecimento escolar); c) estudos da cultura escolar (os quais se centram sobre as transformações e permanências ocorridas em um dado estabelecimento escolar ao longo de um período de tempo determinado).

No final do texto, a autora conclui que: “coloca-se para o investigador no campo dos estabelecimentos escolares a necessidade de responder ao caráter complexo e multidimensional das escolas (p. 131)”.




[1] A esse respeito, é correto mencionar que os estudos de NÓVOA sobre os estabelecimentos de ensino (os quais desenvolvem o conceito de cultura organizacional ), exercem grande influência neste campo investigativo.



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