O Papel de cada um
(J. Meireles)
O PAPEL DE CADA UM Todos levantam a voz para clamar contra a poluição, mas poucos se levantam para jogar seu lixo no cesto. Como acabar com essa sujeira? Morador de uma grande cidade, João Brasileiro engole diariamente a fumaça lançada no ar por automóveis e fábricas. Tossindo de raiva, acende o último cigarro e joga o maço pela janela do carro . Quando vai à praia Brasileiro fica horrorizado com o mar sujo pelos esgotos esbraveja, enquanto toma um refrigerante e come uma espiga de milho, cujo os vestígios ficarão repousando na areia quando ele sair de lá. Brasileiro gosta muito de reclamar da poluição e de sujeira dos outros. Em seu próprio rastro, que ele ignora, acumulam-se quilos e quilos de detritos. O mais detestável de tudo isso, é o lixo espalhado em tudo que é lugar público, às vezes pelas mesmas pessoas que debateram contra a poluição industrial, é justamente aquele que agride os olhos. Qualquer lixo nas ruas provoca um efeito multiplicador de desleixo. Se o lugar está limpo, a pessoa sente constrangimento em ser a primeira a sujar, observa Arlindo Phillip Jr, da USP. O brasileiro suja o que é de todos sem cerimônia . Longe do asfalto, os transtornos causados pela sujeira não são menores. O lixo que se jogou ontem é o foco de contaminação amanhã. Conclusões apressadas e socialmente míopes,levam a supor que o lixo acumulado é coisa de farofeiro, diz o membro da SOS praias do Guarujá, João Meireles. Praia preferida da burguesia paulistana, por exemplo, são recolhidas 180 toneladas de lixo por mês. Nos meses de temporada, quando a população local duplica, a quantidade de lixo é quatro vezes maior. Dói no bolso, é feio, faz mal a saúde. É um país que é descrito como um paraíso inesgotável. Aqui o mar é mais azul, o sol é mais amarelo e os periquitos mais verdes, em que se plantando tudo dá. Mas em se sujando tudo some. Como o país é muito grande, temos a falsa noção de que, se um lugar ficar sujo, podemos partir para outro. Mas o grave de tudo isso, é outra suposição implícita na conduta das pessoas. O brasileiro pensa que o espaço público é, não o espaço de todos, mas o espaço de ninguém. Revista Super – nº 05
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