Planilha de Projeção Financeira
(Rui Svensson fonseca)
Sempre considerei anti-profissional o costume de apresentar preço de produtos e serviços baseado em parâmetros subjetivos, principalmente visando "a cara do freguês".Assim, nada mais lógico que montar uma planilha de custos que interpretasse claramente as condições financeiras do fornecimento. Como resultado, meus clientes puderam planejar objetivamente seus negócios, sem surpresas advindas de um cálculo inadequado de custos e de preços.Com base no sucesso alcançado, me vi em condições de montar uma planilha de projeção financeira: objetivamente, permite estudar antecipadamente a viabilidade econômica do negócio, e traz condições vantajosas de enfrentar as armadilhas que o futuro reserva para todos nós.Tendo em mãos as condições para a continuidade e o crescimento, fica muito mais fácil "conhecer" o futuro, e tomar as decisões certas.Planilhas de CustoI - Tentando criar uma planilha que permitisse avaliar corretamente o valor mais adequado de venda de uma mercadoria, me dediquei a estudar os processos da empresa do ponto de vista do custo. De início, comecei fazendo a manjada média ponderada:Peso Quantidade Produto2 8 163 6 185 4 20R = 54/15 = 6,4Mas, logo me dei conta de que o resultado não atendia plenamente às minhas necessidades. Caso uma das quantidades "explodisse" em relação às demais, o resultado ficaria distorcido. Depois de algum tempo, criei um segundo modelo, mais evoluído:Peso(A) Quantidade Logaritmo(B) Produto (AxB)2 8 3 63 32 5 154 256 16 64R = 76/8 = 9,5Isso abria um grande número de possibilidades. Então, continuei colocando outras funções, acumuladas em subtítulos para mim importantes:Título Fórmula SubtotalPlanejamento N+T+Log(Q) 243Montagem T*Q 2000Transporte D*Q 600Treinamento N*Log(T) 12Suporte N*Log(Q) 27,6Total = 2663,9 Cun = ~13,32onde: Q = quantidade = 200 D = distância = 3 (km)N = nº de usuários = 12 T = tamanho do produto = 10 (subitens)Observe que a fórmula de cada subtítulo refere-se somente aos indicadores pertinentes.Para uma indústria de pequeno porte, de mercadorias sob encomenda, era a fórmula mais apropriada no momento. Tentando adaptar para outras indústrias, encontrei alguma dificuldade em encontrar as fórmulas certas, até me aperceber que se tratava de mercadoria em linha (sem encomenda). Nesse caso, a coisa muda de figura. Tive então de montar modelos mais complexos, onde os custos variáveis estivessem melhor representados:Título FórmulaPlanejamento Log(Q)+T*2+Log(D)/3Mão de Obra Q*Log(T)Matéria-Prima Q*TEnergia Q*Log(T)Transporte D*Q-Log(T)Suporte/Treinamento Log(T)*NBem como no modelo anterior, existe a preocupação de perceber o impacto real da alta de determinado indicador: se é um impacto direto (a quantidade de matéria prima no custo total ) ou se merece apenas um tímido reflexo (planejar a entrega de 2000 unidades não é muito mais complexo que de 200).Caso a caso, existe a necessidade de identificar os indicadores de cada subtítulo, atribuir-lhes uma faixa de variação realista, e no caso de fórmulas compostas, colocar multiplicadores que expressem a importância relativa de cada componente.O próximo degrau de complexidade aponta para a criação de cenários: diferentes combinações de indicadores, onde os valores resultantes estejam de acordo com a estrutura de custos da empresa (é possível que esta esteja distorcida, se for esse o caso a segunda parte o ajudará a conhecer melhor a realidade).Para criar os cenários, crie, numa parte separada da planilha, uma tabela onde cada coluna seja uma situação diferente, e cada linha um indicador. Depois, coloque original de cada indicador do modelo anterior, uma referência à célula certa desta tabela, referenciada por um índice de coluna. Assim, mudando apenas uma célula, você altera todos osindicadores simultaneamente. Com isso, vai poder trabalhar prioritariamente nas fórmulas dos subtítulos, que é o seu objetivo principal no momento (não esqueça, o que você quer criar é o modelo de cálculo. Uma vez que este esteja pronto, os valores para os cenários futuros virão em sequência).À medida que perceber, em determinado cenário, um custo final incompatível, ajuste as fórmulas até conseguir um valor adequado. Depois, teste novamente todos os outros cenários, até ter certeza de que todos retornam valores compatíveis com os dados de entrada. II - Com uma empresa predominantemente comercial, as coisas mudam um pouco, e é bom dissecar claramente as diferenças, para avaliar corretamente o impacto no custo. Em primeiro lugar, enquanto a indústria empata grande parte do seu capital em matéria-prima e custos variáveis, o comércio se concentra em custos fixos e produtos acabados. Ou seja, a diferença principal está nos custos variáveis da indústria e na predominância dos custos fixos no comércio.Isso obriga a diferenças substanciais. A principal, a meu ver, é o destaque que se deve dar ao giro da mercadoria (este também existe na indústria, mas lá sua importância é bem menor). Quanto maior for o giro, os custos fixos podem ser rateados com mais generosidade, reduzindo o custo final da mercadoria vendida.Quantidade Valor de Compra Valor de Venda200 100 100*(1+F/G)*(1+M)2000 500 500*(1+F/G)*(1+M)onde g=giro médio, calculado por média ponderada, onde os pesos são os valores de cada venda.f=custo fixo m=margem de lucroAinda que muitas empresas adotem uma sistemática um pouco diferente, não podem fugir do essencial. A principal diferença possível são dados de entrada referentes a épocas passadas (defasados) ou pesos derivados de cálculos subjetivos.Planilhas de projeção financeiraAqui começa o trabalho de verdade. Independente de quanta complexidade o leitor queira colocar na planilha, é importante ter em conta o seguinte:I - uma planilha de projeção nada mais é do que uma planilha simples, onde se adicionou a dimensão tempo;II - resista à tentação de colocar valores de entrada distantes da realidade. Se os dados de entrada não forem cuidadosamente coletados, os valores finais não valerão nada;III - tenha em mente que um modelo útil só estará disponível após muitos aperfeiçoamentos. Mesmo que o considere pronto hoje, amanhã com certeza lhe ocorrerá alguma pequena ou grande alteração a fazer;IV - ao copiar a fórmula para outra célula, não esqueça de "travar" os indicadores que forem parâmetros inalteráveis;V - tente colocar comentários abundantes que indiquem o significado de cada linha ou coluna. Isso facilita alterações, quando decorrido muito tempo do modelo original, e mais ainda quando muda a pessoa responsável pelas alterações;VI - estude a fundo os processos da empresa e a documentação legal, em especial a referente a taxas e impostos. Lembre-se: a planilha deve retornar valores intermediários válidos para todas as faixas de valores possíveis. À medida que sua planilha vai ficando mais e mais elaborada, perceba que mais ninguém faz idéia das suas limitações.Comece criando, em áreas diferentes, projeções referentes aos diferentes aspectos das finanças da empresa: Fluxo de Caixa, Resultado Operacional, Custo Fixo, Custo Variável, Demonstrativo Financeiro, Retorno sobre o Investimento, Melhor Momento p/ Novo Investimento, Pagamento de Empréstimo, e se for o caso, um modelo de Orçamento. No Fluxo de Caixa, ponha valores compatíveis com o histórico da empresa, e seja realista quanto ao impacto da conjuntura no futuro próximo. Nos demais, ponha referências aos valores essenciais do primeiro. Se a planilha tiver recursos gráficos, crie-os baseados em valores que mereçam destaque. Isso permite, por exemplo, analisar o impacto de novo investimento no fluxo de caixa.Na parte "Melhor Momento p/ Novo Investimento",
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