Resumo de O Globo -

Metrópoles Supervigiadas O Globo, 14 de outubro de 2007 As mesmas câmeras que entretêm o telespectador ao flagrar detalhes da vida (ou encenação?) dos participantes do programa “Big Brother” estão servindo para vigiar cidadãos comuns. Tudo em nome da segurança ameaçada pelo terrorismo. No Reino Unido, há uma câmera para cada 14 habitantes. E no país, como constata reportagem do jornal O Globo de 14 de outubro, é possível constatar uma ironia do destino: o prédio onde morou o escritor George Orwell é cercado por nada menos que 28 câmeras. Para quem não se lembra, Orwell é autor do livro “1984”, no qual é retratada a atuação de um Estado totalitário, onipresente, que controlava até o pensamento dos cidadãos, mas se disfarçava de “democrático”. A crítica, baseada na opressão dos regimes totalitários das décadas de 30 e 40 do século passado, parece ultrapassada? Em Nova Iorque, táxis, metrô e ônibus estão na mira das câmeras. Já a sofisticada Paris, capital do país onde surgiu o discurso de “liberdade, igualdade, fraternidade”, poderá ser monitorada pelo ar – um dispositivo de segurança pública aéreo que substituiria o uso de helicópteros. O argumento é verdadeiro: os ataques terroristas aumentaram nos últimos anos e os governos precisam adotar procedimentos de segurança que antes eram desnecessários. Ok. Podemos analisar até que ponto essa onda de controle da vida individual alimenta e instiga os atentados, em vez de provocar os benefícios anunciados. No entanto, a pergunta que não quer calar é: algum governante perguntou se a população aceita ser espionada, vigiada e ter suas informações pessoais ao dispor do Estado? Enquanto nas grandes cidades americanas e européias o debate é sobre esse imenso “Big Brother”, no Rio de Janeiro a discussão é sobre o filme mais pirateado do ano “Tropa de Elite”, que retrata a violência praticada pela polícia e retratada. Ao comentar o longa-metragem, alguns integrantes da classe média brasileira teriam defendido a velha máxima bíblica “olho por olho, dente por dente”. Responder à violência com mais violência resolve o problema da criminalidade? Resgata a segurança dos indivíduos? O fato é que o Estado é o maior violador dos Direitos Humanos e, nessa guerra entre terroristas e traficantes, de um lado; e o poder institucionalizado chamado governo, do outro; quem sempre sai perdendo é o cidadão.

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