Teoria da Musicoterapia. Madri: Mandala (1993)
(Benenzon R)
A musicoterapia é o campo da medicina que estuda o complexo som-ser humano-som; para utilizar o movimento, o som e a música, com o objetivo de abrir canais de comunicação no ser humano, para produzir efeitos terapêuticos, psicoprofiláticos e de reabilitação no mesmo e na sociedade.
O complexo som-ser humano-som é um grande feed-back infinito e é formado por 5 setores: A, B, C, D e E. No setor A estão os elementos que produzem som. No setor B estãos os diferentes tipos de sons possíveis, produzidos pelos elementos do primeiro setor. No setor C estão os 4 sistemas de percepção do som. São 4 formas que tem o homem de perceber os sons. Nos surdos, por exemplo, predomina a percepção tátil. Uma vez que o som é percebido por algum dos 4 canais de entrada, passam a estimular estruturas internas do sistema nervoso, as quais se expõe no setor D. A ativação destes centros nervosos produzirão por sua vez certas respostas que dá ao homem, e que figuram no setor E. O aparelho de comunicação do homem é formado pelos órgãos sensoriais (setor C), aparelho de avaliação (setor D) e órgãos efetivos (setor E), todo o qual se agrega ao corpo em geral.
O princípio ISSO (igual) base de todas as técnicas não-verbais e sobre tudo da Musicoterapia. Este princípio funciona por exemplo, quando nos comunicamos com o babe balbuciando igual a ele, ou seja, produzindo um som parecido. O princípio de ISSO serve para abrir um canal de comunicação entre terapeuta e paciente, para o qual é necessário que coincidam o tempo mental do paciente com o tempo sonoro-musical expressado pelo terapeuta, ou seja que o paciente possa conectar-se com o som que faz o musicoterapeuta. Por exemplo, o terapeuta pode imitar os sons que produz a mesma criança autista, e este se conecta por sua vez com esse som. Há diferentes tipos ou estruturas dinâmicas de ISOS, distribuídos no inconsciente e no pré-consciente.
Para aplicar a Musicoterapia há 3 lugares possíveis: no consultório de musicoterapia, na natureza e em um meio aquático como uma piscina. O consultório de Musicoterapia é um lugar isolado de todo som exterior. Um relativo silêncio favorece a relação do paciente, o mesmo com a cor sedante das paredes. Uma piscina também é um lugar apto. a temperatura deve ser quente para não produzir rejeição.
Segundo a profundidade há um setor superficial e outro profundo; neste último muda a situação gravitacional e se recria o clima intra-uterino. A águam tem características regressivas e gratificantes, e funciona como objeto intermediário. Os instrumentos sonoro-musicais aquáticos devem permanecer na superfície da água e evitar que afundam par não gerar angústia pelo desaparecimento do objeto intermediário.
O instrumental para a musicoterapia vai, em ordem evolutiva, desde os instrumentos corporais (por exemplo, cantar, assobiar, bater palmas) e naturais. Logo vem instrumentos cotidianos, instrumentos criados, musicais, convencionais e finalmente instrumentos eletrônicos. Quanto mais primitivo for o instrumento, melhor para a musicoterapia (por exemplo, uma cana feita de bambu é preferível que uma feita de metal ou plástico).
A música exerce um efeito regressivo, especialmente importante nas regressões arcaicas onde o sujeito chega a níveis até fetais. Os psicóticos, autistas, etc. fizeram essas regressões e a forma de se aproximar deles é com a música.
Se podem usar testes projetivos sonoros, onde se escutam sons ambíguos e confusos. A música eletrônica, ainda que não haja intérpretes ou compositores humanos (o faz uma máquina) é útil como recurso de produção de som.
Um grupo de musicoterapia didática pode estar integrado por um número não maior que 10 pessoas, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos, educadores, etc. e não é preciso ter conhecimentos musicais. Os grupos devem ser fechados: devem ser os mesmos no princípio e no final do tratamento. A forma ideal é uma sessão semanal durante 1 ano, experiência que pode repetir 2 ou 3 anosseguidos. Na primeira hora de sessão se trabalha em um contexto não-verbal sonoro-musical e de movimento, e é dirigido por um musicoterapeuta. Na segunda hora se faz uma elaboração verbal do acontecido e trabalha um psicoterapeuta que na hora anterior esteve como observador participante. Se especifica um enquadro enquanto a tempo de seddões, trabalho a realizar, etc. No capítulo 3 se ilustra a técnica mediante o caso clínico complexo.
Resumos Relacionados
- Musicoterapia
- A Origem Da Musicoterapia
- Musicoterapia
- Musicoterapia
- O Poder Da Música
|
|