MEMORIAL DO CONVENTO
(JOSÉ SARAMAGO)
Portugal, século XVIII. O rei Dom João V estava desgostoso sem um herdeiro. Quando recebeu a visita do bispo inquisidor que, em nome de um velho franciscano, deu-lhe um recado divino (se construísse um convento na Vila de Mafra, teria um filho), animou-se e prometeu a construção. A rainha D. Maria Ana Josefa engravidou, se é que já não estava, e teve uma menina, Maria Bárbara, mas a promessa real foi mantida. Enquanto isso, uma multidão acompanhava festividades religiosas e a morte de acusados de bruxaria. Entre a multidão, um ex-soldado maneta, uma jovem que observou a mãe ser queimada pelo Santo Ofício, e um padre. Ela era Blimunda e perguntou o nome do homem que estava a seu lado, que disse chamar-se Baltasar Mateus, o Sete-Sóis. Depois, os três dirigiram-se à casa da jovem para comer sopa, e ela usou a mesma colher de Baltasar. O padre Bartolomeu Lourenço deu-lhes a bênção e saiu. Baltasar e Blimunda deitaram-se e fizeram amor; ela ainda era virgem, e com o sangue de sua virgindade desenhou uma cruz no peito do homem com quem já considerava casada. De manhã, Baltasar a viu comendo pão, de olhos fechados. Ao abrir os olhos, Blimunda disse que nunca o olharia por dentro, pois, antes de comer pão, podia enxergar o interior das pessoas. O padre Bartolomeu Lourenço verificou se haveria alguma pensão a Baltasar e disse que a resposta demoraria, mas poderia falar com o rei a respeito, e Baltasar estranhou que um homem que poderia falar com o rei, e conhecia a mãe de Blimunda, deixara-a morrer. "(...) Que padre é este padre (...)", pensou Baltasar e soube que o padre era chamado de Voador porque construía secretamente uma máquina de voar, e ficou assustado quando ouviu dele que Deus era maneta, já que não tem a mão esquerda. Depois, acompanhou-o e viu onde estava a máquina inacabada. Foi convidado a ajudá-lo, e aceitou. Mas, para a máquina voar, necessitava do éter que sustenta as estrelas. O padre Bartolomeu Lourenço viajou ao Brasil e, depois de três anos, já como Bartoomeu Lourenço Gusmão, procurou o casal para contar sua descoberta: a máquina poderia voar, movida pelas vontades – ou almas –, que poderiam ser atraídas por um frasco de vidro, com uma pastilha de âmbar amarelo, colhidas por Blimunda (agora, Blimunda Sete-Luas), porque podia era uma vidente. Anos depois, terminaram a máquina, porém, àquela altura, o padre Bartolomeu Lourenço Gusmão era perseguido pelo Santo Ofício, mesmo com o apoio real, e disse: "(...) querendo o Santo Ofício, são más todas as razões boas, e boas todas as razões más (...)". Os três fugiram, voaram e a máquina foi atraída pelo sol. Conseguiram pousar e o padre Bartolomeu Lourenço Gusmão desapareceu, para morrer louco. Em Mafra, todos rejubilavam-se com o milagre do vôo do espírito santo sobre o convento. Na verdade, a máquina é que voara. Lá, Sete-Sóis trabalhou nas obras, mas não resistiu, retornou ao local e, por descuido, voou e desapareceu. Depois de anos de construção e mesmo havendo muito para terminar, o convento foi sagrado no aniversário do rei, àquela altura com um herdeiro, o infante D. Pedro, e Mafra entrou em festa, invadida por uma multidão crente que o local era santificado.Blimunda Sete-Luas usou o espigão (gancho) que o marido usara como mão e matou um frade dominicano que tentou estuprá-la, e, durante nove anos, procurou por Sete-Sóis. Um dia, finalmente o encontrou, prestes a ser queimado pelo Santo Ofício. Sem poder impedir a sentença, chamou para si a vontade do marido, que desprendeu-se e foi, pois pertencia à terra e a ela.
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