Escolha de Parceiros Sexuais e Investimento Parental
(Roberta Tavares de Melo Borrione ; Eulina da Rocha Lordelo)
Introdução
Este trabalho, de Roberta Tavares de Melo Borrione e Eulina da Rocha Lardelo, da Universidade Federal da Bahia, apresenta duas teorias acerca da escolha de parceiros sexuais: Teoria da Estratégia Sexual e Investimento Parental e suas implicações na Psicologia do Desenvolvimento, através das quais se pretende elaborar uma recensão crítica.
As autoras sugerem que os mecanismos de escolha de parceiros sexuais incidem sobre a atracção sexual, o desenvolvimento de vínculos e estabelecimentos de relações duradouras.
Teoria da Estratégia Sexual
A Teoria da Estratégia Sexual tem como principal característica a concepção de estratégia como inata nos seres humanos, sendo essa mesma estratégia utilizada para indicar a natureza dos comportamentos humanos de acasalamento, direccionados para objectivos específicos, não envolvendo acções conscientes ou premeditadas. A natureza das estratégias poderá ser de curto ou longo prazo, existindo divergências entre os comportamentos feminino e masculino. Os mecanismos de preferência são influenciados pelo desejo, atracção, emoções, sentimentos de empatia ou repulsa, e incidem no ser humano de forma inconsciente.
As autoras referem Kriegman (1999) “que sugere que tendências a comportamentos específicos ou a capacidade de experienciar afectos sob determinadas situações devem ter sido resultado de vantagens adaptativas moldadas pela selecção natural.” Esta selecção desencadearia actividades psicológicas capazes de accionar determinados comportamentos.
Uma outra abordagem das autoras sugere uma forte ligação entre as duas teorias apontadas, ao referenciar Trivers (1972, citado por Buss & Kenrick, 1998; Buss & Shmitt, 1993) “que considerou como principal força propulsora da selecção sexual o investimento parental que cada sexo despende na sua prole.” O sexo que dedica um maior investimento à sua prol, revela uma maior exigência na selecção sexual dos parceiros privilegiando a atracção inter-sexual (competição indirecta) ao passo que, o sexo que dedica menor investimento à sua prol privilegia no sexo oposto o seu potencial e valor dentro da comunidade (intra-sexual – competição directa). Nesta sequência, o sexo feminino seria o mais selectivo na eleição dos parceiros sexuais, baseado no maior investimento de tempo e recursos que dedica à sua prol - no processo de fertilização, gestação, lactação e cuidados – , e o sexo masculino direccionaria o seu investimento para a competitividade intra-sexual.
Estratégias Sexuais de Curto Prazo
O sexo masculino tem mais benefícios reprodutivos por recorrer a estratégias sexuais de curto prazo, tendo desta forma uma “maior probabilidade de gerar uma maior prole através do aumento de parceiras sexuais do que pelo aumento de número de filhos por parceira (Buss & Schmmit, 1993).
Segundo Buss & Kendrick (1998) e Buss & Schmmit (1993), “o sexo masculino deve ter desenvolvido mecanismos especializados para lidar com quatro problemas adaptativos: o número de parceiras; sua acessibilidade sexual; a identificação da fertilidade feminina e a ausência de compromisso ou investimento. Esses mecanismos sexuais teriam sido desenvolvidos de forma a capacitar o homem de aumentar o desejo extensível a um maior número de parceiras de curto prazo, tendo como critérios de selecção a idade, a saúde, o valor reprodutivo, a aparência física e a acessibilidade.
Além das dificuldades encontradas no sexo masculino, o sexo feminino tem um problema acrescido, que é defender a sua reputação social. Ao adoptar as estratégias sexuais de curto prazo, a mulher incorre na crítica social que futuramente pode afectar relações de longo prazo, por existirem dúvidas quanto a paternidade. No entanto, existem benefícios nas estratégias de curto prazo, tais como, avaliação de uma maior número de candidatos para futura relação de longo prazo; possibilidade de obter uma melhor qualidade genética; protecção e recursos imediatos.
Estratégias Sexuais de Longo Prazo
A Estratégia Sexual de Longo Prazo proporciona vantagens reprodutivos nos homens, visto poderem controlar a capacidade reprodutiva do curso de vida da sua parceira (Smuts, 1991, conforme citado por Buss & Schmmit, 1993). Outros benefícios poderão ser encontrados nesta estratégia, tais como, divisão do trabalho; maior economia; desenvolvimento de laços afectivos com a família , cooperação mútua entre parceiros e evitar a curta duração dos compromissos e o tempo e energia afectos a isso. Outro motivo para o sexo masculino adoptar uma estratégia sexual de longo prazo, é a necessidade de parceiras com maior valor reprodutivo e consequentemente melhor qualidade genética da sua prol. Ao investir numa relação de longo prazo o homem assegura a fidelidade da sua parceira e colmata eventuais as dúvidas quanto à paternidade das crianças.
Quando adoptada pelas mulheres, a estratégia sexual de longo prazo assegura uma protecção imediata para si a para a sua prol; recursos e provisão de alimentos. As relações duradouras originam benefícios sociais e económicos e, salvo raras excepções, uma maior qualidade genética da prol. Assim sendo, as mulheres que privilegiam esta estratégia valorizam na escolha de parceiro as habilidades parentais, a ambição, inteligência, a posição social e as capacidades de ascensão profissional.
Em ambos os sexos, é valorizado o compromisso do parceiro com características similares e boas qualidades de parentalidade.
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