A Caverna
(José Saramago)
A Caverna, de José Saramago, o Nobel português, parte de uma história de Platão, para abordar a inquietante questão da sociedade industrial versus a pequena e caseira industria. Constitui este romance a incessante busca de um homem pela sobrevivencia de um negócio de família, um negócio de gerações, e pela sobrevivencia da sua própria família. Quando a falta de trabalho chega, um homem, representando ele a possibilidade de ser o Homem (ser humano, humanidade) ve-se confrontado com uma tragédia pessoal que é completamente ignorada pela sociedade actual em que se insere. Nesta assombrada luta, há sempre uma esperança que o faz acreditar no futuro, porém, esta esperança é desfeita no momento em que se confronta com a realidade actual, a realidade do ser humano face à inevitabilidade do seu confronto consigo mesmo e com a realidade que é criada por si. O homem resigna-se perante o mundo que criou, mas incapaz de o aceitar, e receando o fim que outros seus iguais tiveram nesse mesmo mundo, decide partir sem rumo, porque o que mais o aflige e recusa é ser vítima de si próprio e dos seus agrilhões. Um Homem foi feito para ser livre.
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