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ORIXÁS, QUEM OS CRIOU? Se não são Espíritos que tiveram uma vida anterior num corpo, de onde vieram os Orixás? - Os Orixás são expressões da energia que emana da natureza. Assim, da mata emana um tipo de energia; dos rios, outro tipo; da terra, outro, do mar, outro; do ar, outro; do fogo, outro e daí por diante, numa variação muito grande de formas de energia decorrente do processo de transformação contínua que assegura a diversidade e perpetuação da vida. Algumas pessoas, tanto do passado remoto como do presente, travaram um contato mais íntimo com algumas dessas energias e as descreveram, personificando-as da maneira como as identificaram; o que conferiu individualidade a cada uma delas. Quando digo “personificando-as” não quero dizer que todos que as descreveram lhes atribuíram forma humana, embora a maioria tenha feito dessa maneira, até por conceber o homem como a forma mais perfeita de expressão da natureza; o que foi usado de forma deturpada quanto ao significado pelos cultuadores do Orixá, ao qual passaram a atribuir um caráter antropomórfico, não só na sua representação pictográfica, mas também e principalmente nos atributos de virtude e poderes. Assim, no Candomblé podem ser encontradas figuras representativas dos Orixás com poderes de cura, outras com poderes amorosos; outras, de Justiça; de Guerra; da sexualidade e tantos outros. Ainda merece destaque, para realçar o caráter antropomórfico do Orixá, o fato das pessoas, tanto os simples freqüentadores como os adeptos fervorosos, se relacionarem com ele e o reverenciam evocando seus favores, seus poderes, seus serviços, como se o Orixá existisse para nos servir, seja proporcionando saúde, harmonia familiar, proteção contra os maus Espíritos, paz interior ou felicidade. – Sua descrição da origem do Orixá como sendo uma energia que emana da natureza, remete para um entendimento de simplicidade e pureza. De onde vem o poder do Orixá a ponto de impedir ações muito maléficas dos Espíritos obscuros e impor sua autoridade no Centro a ele consagrado? – Considero que a resposta que você pode obter (interrompendo seu diálogo interior, isto é, deixando de pensar, deixando de se empenhar para oferecer respostas lógicas e coerentes com o que você preconcebe como a melhor resposta) será melhor do que a minha, mas enfim...: o encantamento que se apoderou daqueles que tiveram o privilégio de lidar direta e harmoniosamente com a energia emanada da natureza, fez com que tivessem um sentimento muito intenso de pureza e grande elevação naqueles momentos, experimentando o êxtase da santidade. Esse modo de sentir os levou a atribuir a essa energia tudo de bom e melhor que foram capazes de conceber e, acompanhado da descrição visual quanto à forma, cor, vestimenta e outros adornos, descreveram também todos esses atributos de virtudes e poderes. Os cultuadores de cada Orixá assim descrito se devotaram a ele com toda a intensidade do seu sentir através dos milênios, impregnando aquela Entidade daquelas qualidades, personificando-a mais ainda e criando em torno dela um halo de poder tão forte que se impõe a todos que lidam diretamente com ela, sejam pessoas comuns, sejam Espíritos desencarnados em processo de redenção. – Em princípio, eu não acredito nessa versão, até porque tenho um pensamento diferente e nunca parei para questionar o assunto com essa profundidade. Mas admitindo-se que seja verdadeira sua descrição, estamos diante de uma irrealidade, ou seja, o Orixá não existe, o que existe é a projeção mental que alguém fez de um fenômeno natural, atribuindo-lhe poderes e características sobrenaturais. Estaremos diante de um fato em que o homem é quem cria a divindade? – Em seu processo evolutivo rumo à reintegração com o Criador, a humanidade passa por fases semelhantes às de uma pessoa que enquanto bebê tem curiosidade por tudo e tudo aceita com naturalidade, sem qualquer questionamento; cresce um pouco, vira criança, sua curiosidade aumenta e pergunta tudo, muitas vezes deixando os pais embaraçados. Aí inventam a estória da cegonha, do Papai Noel, do jardim do Éden, etc.. Essa criança vira adolescente, sua capacidade de compreender se amplia e começa a questionar as respostas anteriores, aumentando o embaraço dos pais e outros adultos, a quem acusa, aberta ou veladamente, de tê-la enganado. Desconhecedores da verdade, tanto os pais como os outros adultos, até para não perderem a autoridade, vêem-se obrigados a inventar novas estórias que sabem aquele adolescente não terá capacidade intelectual para contestar. Mas o mal estar causado pelo questionamento faz temer pelo desmentido com a descoberta da verdade por algum adolescente mais rebelde e isto move os adultos (autoridades) a buscarem meios de impedir o adolescente de continuar sua caminhada em busca da verdade que liberta e ameaçam-no com castigos terríveis, infundindo-lhes um medo paralisante. É nesta fase do processo que os adultos (autoridades) para não perderem sua autoridade diante do “pirralho” rebelde, criam as “divindades”, atribuindo a cada uma os poderes que melhor atendem às suas conveniências de manter sua autoridade e alimentar sua vaidade, fazendo-se passar por sábios tão sábios que atribuem à divindade tudo que sua ignorância não consegue explicar. Assim, percebe-se que é uma característica natural do homem, criar divindades à sua imagem e semelhança, chegando ao extremo de inverter os valores a ponto de sustentar que foi Deus quem o criou à sua imagem e semelhança. Desta maneira, o fato dos Orixás terem a forma e atributos que lhes reconhecemos criados pelo homem, não é de causar espanto a ninguém, estranho seria se fosse diferente.
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