Tragédia aos olhos de um cego!
(Márcio Raven)
Logo percebi, não se tratava apenas de um monte de sangue despejado por corpos sem valores para esta sociedade, sociedade que hoje sou obrigado a engolir. Era uma disposição diferente, racional para tantos e miseravelmente obrigatórios para poucos, pois nesta poça de sangue fluía a riqueza, a inteligência, o substancial acervo do dinheiro e da ganância. Encarei com naturalidade tal fato, pois já adentrei em favelas e lugares tão obscuros quanto elogiáveis, já passei por gretas e frestas da sociedade, e muito sangue já tinha visto, porém não em um lugar como este, não no centro da povoação endinheirada e caprichosa. Uma bala que penetra o corpo, que pode levar a este a morte, ao convalescimento, é de igual trajeto, tanto para o rico como para o miserável, tanto pra mim quanto pra você, o duvidoso, que não por si só, é que a elite se apavora, descrimina, grita aos governantes, lembrando sempre por sua segurança, sua legítima e indiscutível liberdade de ir e vir... Gostam de ir aos cinemas, aos clubes, aos lugares badalados, gostam de vir de viagens ao exterior, de suas mansões, de seus afazeres banais perante a esta sociedade de hipócritas e condenados a miséria numa discrepância total. Tudo o que vimos com o aval de redes de televisão, a imprensa escrita totalmente voltada para tal fato, apenas gostaria de saber por que nunca anunciaram o assassinato do João, meu vizinho, que ate aos domingos levantava as 06 da manha para cumprir com seu trabalho (vendedor de pasteis em feiras livres), que ao voltar para casa levou nada mais do que 12 tiros, entre eles 3 de calibre 12... Pode imaginar! Todos aqueles que morreram, no cinema, deveriam estar lá, pra se cumprir o destino, porém, não são somente eles que morreram de maneira estúpida, pelo contrario, foram apenas mais uns que conseguiram a graça de estar com deus antes do que eu, peço desculpas às famílias em luto, porém não posso fechar meus olhos e aceitar tal fato de boca calada, quero gritar e entender por que não anunciaram a morte de João também... Quero a graça do bom legislador do universo, não único e só, envolto em glória para tal felicidade desvairada, quero a alegria de acordar com deus e me deitar com ele, quero sua magnitude e sabedoria espalhada em mim, mas, nos dias de hoje, levo a crer que meu deus seja o mesmo que o de uma sociedade envolta em dinheiro, glórias, afinidades. Meu deus é pior que o dela, pois ele protege a mim, a minha filha e minha namorada, nunca se esquecendo dos outros, mas jamais se esquecendo o amor, do carinho, jamais se esquecendo de deus, como o que acontece neste mundo, onde o deus vincula-se ao temor, e não ao amor. Meu deus é assim, descrito por um leigo no assunto, embora muito corajoso para desafiá-lo. O verdadeiro deus é este que esta em teu coração, não em um livro, ou em uma oração, pois na lei do universo, explicado pela matemática, cito que nenhum finito alcança o infinito, e sim ao contrario, pois não basta rezar, orar, suplicar, tem-se que conscientizar, estabelecer-se, criar, sendo filho do creador, não do criador... Seria loucura dizer que sou ateu, por não acreditar neste deus escrito pelo homem, homem este que também mata, que também fere, que só se importa com os “do lado de lá”. O ocorrido neste mês, só me fez crer que estou no caminho certo, no caminho do descobrimento, no caminho que só eu posso seguir, o da minha fé em deus!
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