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Uma simples diferença
(Márcio Raven)

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“Ainda me lembro, sempre corria pelo pasto atrás daquele danado, eita potro que gostava de arrastar quarquer um que seja pelo pelô... Ciscava um aqui, me deixava levar pelo sol, escardante e sem trégua no lombo do alazão (nome bem conhecido), corria pasto, subia e descia os campos, as matas, os rios, sábia que nunca vi o azur do mar? Hoje isso pra você deve ser comum, como você mesmo diz: vou pegá umas onda, não sabes a adrenalina de subir nela e depois descer como um avião cortando o céu... Posso ate não saber isto, posso até nunca saber isso, mas no meu tempo o negocio era outro, domar cavalo, boi, matar porco na unha, lenhar para depois cozinhar... Aquela vida era dura, me lembro quantas vezes teu pai dizia que não podia ter homem melhor pra domar um touro (coincidência do destino, pois o apelido de teu pai sete ouro saiu do touro duro, bravo, realmente difícil de montar, mas seu pai conseguiu ficar com ele... Pelo menos o apelido, pois na montaria simplesmente um fracasso!).
Hoje estou aqui, não sei ler e nem escrever, o deus me impôs uma condição que tive que aceitar: estou aqui nesta cama depois do derrame, não posso mais reconhecer quase ninguém, quando chegas perto de mim simplesmente falo de coisas que nem sei o por que falo, não conheci tua filha, mas sei que ela e linda, e antes que me esqueça isto também, leve meu nome até ela, faça com que ela me conheça, mesmo que por palavras, relate meu pomposo chapéu, meu lindo cavalo, mesmo não tendo conhecido-o, pois fotos minha você não tem, não te culpo por isso, no passado fui um homem ruim (não de maldades ou crueldades) tinha que ser assim, pois foi meu ensinamento (um fato: meu pai nunca disse nada sobre seu avo, por que será?). Hoje espero a morte anunciada há uns quatro anos mais ou menos, vi por mim mesmo que somos carne, e toda carne apodrece e morre, estou esperando por este dia, o dia da passagem, que pode estar longe ou próximo, mais que nem um comedor de arroz pode afirmar com a devida certeza“.
“Você pensa que eu não te bato! Vença cá!... Palavras queridas, uma linda frase que na época soava como um soco no estômago, pois aquele senhor magrinho e de orelhas grandes que faziam par com seu narizinho, com um chapéu de palha panamá e seu cigarrinho entre os dedos (acho que herdei isto do senhor). Este homem sempre fez o bem, viu? Sou um antigo fazendeiro, meu pai era grande homem de negocio, me deixou tudo, e tudo o que restou esta aqui, você não se lembra, mas passei por poucas e boas e tive que me desfazer de quase tudo, apenas deixando esta casa pra Lola! Quando ia jogar sempre passava pra que eu benzesse teu quichute, sempre com fé! Não era muito sapeca, somente o quanto podia ser aquele menino que veio como um tiro no meu peito, pois tua mãe casou grávida, não fui no casamento dela, e não gostava de teu pai (acho que você se parece muito com ele, melhorando apenas no sentir, mas no agir...), mas tive que aceitar, pois tudo na vida passa, como eu passei... Sou teu protetor, pois sempre eleva meu nome, como se fosse um santo (pra mim você e!) , como se quisesse me ver em tua frente novamente (sinto tua presença agora), foram poucos os momentos que podem ser lembrados mas..."



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