BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Parcialidade Moral e Regras Impessoais – Ética cívica, Liberdade e Ética Pessoal. In: AUTO ENGANO
(Eduardo Gianetti)

Publicidade
EDUARDO GIANETTI – Parcialidade Moral e Regras Impessoais – Ética cívica, Liberdade e Ética Pessoal. In: AUTO ENGANO.

O capitulo IV do Livro Auto Engano do Economista e Filósofo Eduardo Gianetti trata da Parcialidade Moral e Regras Impessoais – Ética cívica, Liberdade e Ética Pessoal. Diz Gianetti que o viés da parcialidade moral corresponde por boa parte dos danos e do sofrimento que nos causamos uns aos outros em sociedade e nos mesmos em convivência interna. A sociedade humana, ao longo de um processo extremamente gradual, tentativo e cumulativo de aprendizado, foi encontrando um método geral de prevenção dos piores efeitos oriundos da parcialidade espontânea que permeia o nosso equipamento moral. A essência desse método consiste na criação e adoção de regras impessoais – um conjunto de código formal de leis com sanção e um conjunto de normas de conduta – cuja finalidade é padronizar o exercício do juízo moral em situações definidas da nossa convivência, tornando-o desse modo o mais isento e independente possível da subjetividade e do viés pessoal de cada um. As regras formais de transito, por exemplo, e o mecanismo de sansões, penas que a reforçam, existem para proteger cada usuário dos outros, é certo, mas principalmente de si mesmo. Sua função básica é estabelecer com nitidez e precisão as fronteiras entre o proibido e o permitido, de um lado, e entre o obrigatório e o facultativo, de outro. Conclui-se que niguem é bom juiz em causa própria. Se as regras da justiça abrissem qualquer brecha para que os cidadãos pudessem acertar as suas diferenças e os seus ressentimentos mútuos por si mesmos – por mais justos e merecidos que sejam de fato ou possam parecer aos seus próprios olhos – as conseqüências seriam incontroláveis. A regra impessoal formalizada em lei retira da esfera da competência dos cidadãos a faculdade de julgar , em seu caso próprio, se e quando determinada conduta é proibida ou permitida, obrigatória ou facultativa. A extensão do poder das regras impessoais na convivência humana pode ser avaliada pelos efeitos provocados por sua ausência. A experiência de alguns episódios críticos de adversidade coletiva sugere , contudo, e que a percepção das circunstancias em que se vive e do comportamento dos que estão a nossa volta pode alterar de forma aguda o grau de adesão dos cidadãos as regras impessoais de convivência. As conseqüências de nossas próprias violações intermitentes das regras parecem infinitesimalmente pequenas e sem maiores implicações diante não só das vantagens imediatas que tais violações proporcionam, mas da maior gravidade das transgressões que os demais estão cometendo. Nossa imparcialidade diante de nos mesmos tem fronteiras lógicas e psicológicas intransponíveis, mas o continente da imparcialidade parece não conhecer limites. A capacidade humana de julgar com isenção tende a se enfraquecer exponencialmente a medida que nos aproximamos do centro de tudo aquilo que nos move e comove – precisamente quando seria da maior importância uma apreciação serena e imparcial. Na sociedade perfeita , dotada de uma gramática de regras de convivência impecável e uniforme acatada, não haveria o que mudar. Qualquer mudança concebível seria para pior que a existente, ou na melhor das hipóteses, igual a ela. Nada garantiria, evidentemente, que os indivíduos fossem plenamente felizes ou que sempre alcançassem seus objetivos. Nessa sociedade perfeita, os problemas fundamentais da existência e da realização humana continuariam a ser exatamente o que foram, mas os indivíduos não poderiam mais culpar ‘o sistema’, ‘a sociedade injusta’ ou ‘os outros’ por seus equívocos, frustrações ou fracassos. O propósito das regras impessoais de ética cívica não deve ser o de tolher o individuo ou força-lo a se encaixar num projeto de vida que não é o seu, mas sim o de tornar possível a plena e livre expressão de sua individualidade. Se suas exigências de ética cívica reduzem, em alguma medida, o campo para o exercício da liberdade de escolha, elas permitem, ao mesmo tempo, uma enorme expansão dessa mesma liberdade, por meio da ampliação do espaço para a experimentação permanente na arte pessoal e associativa do viver. O grande desafio é encontrar um equilíbrio entre as exigências da ética cívica pessoal – uma gramática da convivência que de alguma forma encontre o ponto adequado para a inevitável tensão entre os dois imperativos da sociedade: liberdade e justiça. E somente no solo de uma ética cívica legitima, enraizada e bem constituída que uma ética pessoal agressiva – livre ousada e pluralista – pode prosperar e florescer.



Resumos Relacionados


- Moral E Ética

- Ética No Trabalho

- Ética Profissional, Pessoal E Etiqueta

- A Ética

- A Dimenção ética De Piaget



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia