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A CASA DE DETENÇÃO, VERDADES E MENTIRAS
(LUIZ CARLOS RAMOS)

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As vezes me flagro sorrindo, ao lêr um texto, ou mesmo um livro de alguém escrevendo sobre a Casa de Detenção de S.Paulo, o Carandiru. São tantos os paraquedistas que aproveitaram o vácuo do livro do Dr. Drauzio Varella que até fico satisfeito em saber que depois do sucesso da obra,desse famoso médico, muita gente passou a escrever, isso foi muito bom, é um hábito saudável, e eu como um humilde escritor que sou, fico feliz Se tem tanta gente escrevendo é sinal que também os leitores aumentaram, sendo assim, para quem escreve, isso é uma boa noticia. Porém, há um pequeno detalhe, toda moéda tem duas faces, toda história tem duas versões, e nem sempre combinam... Bem, para inicio de conversa, eu trabalhei nesse Presidio, o Carandiru, quase vinte anos; uma vida, sim, uma vida e arrisquei-a junto com meus companheiros por todo esse tempo que lá trabalhamos, até o ultimo dia da sua desativação. Nesse dia, quando o Carandiru foi implodido, eu fiz a revista no ultimo Bonde (veiculo que transporta presos) e fiquei na GPM, local onde se revista pessoas e veiculos que adentram a cadeia, lá fica a Divinéia, um grande patio arborizado, que no caso, é a entrada do Presidio, desse local a gente vai para qualquer Pavilhão que quiser. È dali que saiam as viaturas para levar detentos para o Forum, Hospitais, e outra gama de lugares para onde os presos precisam ir. No ultimo dia do Carandiru,o dia da implosão, as seis horas da manhã já tinha jornalistas esperando para documentar o grande acontecimento, jornais estrangeiros como o Daily News. Chicago Herald, e outros que não me recordo, lá estavam. Não sei quem teve a idéia de convidar ex-presidiarios para presenciar o grande acontecimento, mas, foi uma idéia infeliz e sem propósito, se bem que, a propria desativação foi uma ação eleitoreira, pois, tirando um ou dois pavilhões que estavam caindo, ainda restavam espaço e lugares para uns 3000 detentos. Para iniciar o acontecimento (implosão) era preciso esperar a chegada do artista principal, ou seja,o então Governador Geraldo Alkmim, que estava sucedendo o Mario Covas,que, havia falecido. Nesse interim, a Divinéia ficou abarrotada de visitantes, celebridades entre aspas, ex-Diretores da Casa de Detenção, ex-Funcionários, cheguei a ver funcionários que tinham sido exonerados e lá estavam, não sei o que foram cheirar ali,mas... A Rita Cadilac, que era a Rainha dos Detentos. Que honra hem? O Padre Lancelloti, que não saia do Carandiru, o que será que ele tinha perdido por lá,hem? Ou ele tinha encontrado? Sei lá! E como eu dizia no inicio, determinado ex-detento que, convidado por alguém que no minimo deveria ser muito seu amigo,ajoelhou-se no Patio da Divineia e voltado para os Pavilhões, em altos brados dizia: --- Graças a Deus, esse inférno esta acabando, isto aqui foi o inférno na terra… Ora! Para com isso, se aqui fosse um inferno, eles (os próprios detentos) eram o pròprio Diabo, foram eles que puseram fogo no presidio várias vezes, mataram colegas de infortunio, feriram Funcionarios, queimaram o Cinema, bibliotecas, salas de aula, e tantas outras badernas que não vale a pena conta-las. E o piór de tudo,caso você, por ocasião de certos motins perguntasse a maioria dos detentos porque estavam fazendo aquilo, ou o que estavam reveindicando, eles diriam: ---Sei lá, Chefão, estou no embalo, estão queimando tudo….vou nessa tambem, não estou fazendo nada mesmo….Entenderam? Não pense o leitor que todos os presos, todos os apenados são iguais, lêdo engano, tem muita gente boa entre eles. Homens que erraram e estavam pagando a sua pena, esperando uma oportunidade para voltarem ao convivio de onde sairam. Alguns com o próprio trabalho, dentro da Casa de Detenção ganhavam o sustento da sua familia, que estavam na rua. Errar é humano, todos nos erramos, mas, que tinha gente por aqui que, a maldade ficava expósta no rosto, nos olhares, e nos atos de vandalismo e criminosos, tinham e era coisa de se ver…..inacreditavel mesmo! Na verdade, setenta por cento dos detentos eram incorrigiveis. Para esclarecer algo que li em um outro texto, sobre a data da inauguração do Carandiru, vou esclarecer: A Casa de Detenção de S.Paulo, o Carandiru, foi inaugurada em 1956, pelo então Governador Janio da Silva Quadros, o nome desse Presidio na verdade é “ Casa de Detenção Professor Flaminio Fávaro” . Na ocasião da entrega, foram inaugurados os pavilhões 2, 5, 6, e 8, um espaço fisico para 3.500 detentos. Depois de uns tempos, surgiram os pavilhões 4, 7, e 9. Leitores, o Dr. Drauzio em seu livro, descreveu o Presidio com a sua ótica de médico, e eu estou comentando como o Agente que fui, e durante o tempo que ali trabalhei.Cada pessoa, em seu universo, tem uma visão sobre certos fatos, essa é a minha versão. Leia o Livro "CARANDIRU,INFERNO OU PARAISO" Da Editora Protexto. FIM (By Luiz Carlos Ramos)



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