Amor de Perdição
(Camilo Castelo Branco)
É uma novela ultra-romântica que ocorre no Viseu, Coimbra e no Porto, de 1862, apresenta intertextualidade com Romeu e Julieta. Um fim trágico para uma história de amor que começou marcada pelo ódio entre duas famílias nobres portuguesas. Para o crítico José-Augusto França:
“Camilo e os seus heróis vivem no mesmo universo dramático de cores intensas e ao mesmo tempo sublime e sórdido. O ideal dum programa imaginário e a realidade duma experiência vivida encontram-se unidos e indissociáveis”.
O autor fixou no Romantismo o gênero novela, essa sua forma de fazer novelas, de fácil consumo, cultivou-as nos temas: de terror; de sátiras, históricos e passionais diante do amor que o consagrou e popularizou. Amor de Perdição deu-lhe esse reconhecimento. Narrado em 3ª pessoa, Onisciente, de múltiplos narradores, com linguagem popular ao molde dos romances de Folhetins, rico em retornos ao passado – Flash Back narrativo, Amor de Perdição é a história de um herói, o seu herói Simão Botelho, uma alusão ao seu tio paterno de quem ouvira tantas histórias. Apresenta como subtítulo “Memórias de uma família”. É um relato biográfico da história da família Correia Botelho e todos os citados na obra são da família do autor. Esse herói, romântico, Simão Antônio Botelho, natural de Lisboa, 1784, junto às personagens Tereza e Mariana formam a tríade da “Religião do Amor”, como o diz o próprio autor. Daí a explicação do título da obra “Amor de Perdição”. Para o escritor José de Nicola em seus comentários da obra, refina esse sentimento como:
“Um amor que converte. Que aniquila a razão, que liberta, que salva, que leva à perdição. Que provoca alegria e tristeza, que redime, que produz sofrimento, que gera mártires”.
Assim é Amor de Perdição, considerado por alguns como um “Romance dum homem rico”; por outros como “Declamatório, com bastantes aleijões líricos”. Mas é simplesmente uma novela de amor, de sofrimento, de ironias e de riquezas. Começa com Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses, um fidalgo de linhagem, patriarca da família de Simão casado com Dona Rita Tereza Margarida Preciosa Da Veiga Caldeirão Castelo Branco, filha de um Capitão de Cavalos. Domingos Botelho era extremamente feio, não tinha grandes bens de fortuna, autoritário e inflexível. Foi Corregedor de Viseu. Apresenta ainda a família de Tereza em seu patriarca Tadeu de Albuquerque.
“Tereza respondeu, chorando, que entraria num convento, se essa era a vontade de seu pai; porém, que se não privasse ele de a ter em sua companhia, nem a privasse a ela dos seus afetos, por medo de que sua filha praticasse alguma ação indigna, ou lhe desobedecesse no que era virtude obedecer. Prometeu-lhe julgar-se morta para todos os homens, menos para seu pai. Tadeu ouvi-a e não lhe replicou. ”.
Após apresentar as famílias nobres, volta-se a história de Simão, seu pai era Fernão Botelho. Simão quer casar-se com D. Rita, mesmo diante da rivalidade das famílias. Ao se apaixonar por Tereza, fiel aos sentimentos desse amor, ao perceber que seu primo que separá-los, num duelo mata Baltazar e se entrega para polícia, sua prisão determina seu fim na obra. Tereza tem 15 anos, bonita, de caráter forte, apaixonada por Simão, luta contra a família para não casar com Baltazar, é presa no Mosteiro de Monchique longe de todos, mas sua felicidade não chega. Mariana é a outra ponta do triangulo amoroso. Mulher de 24 anos, de família mais popular, torna-se amante de Simão, silenciosa, camponesa e obediente vivia aos afazeres do lar, era extremamente prendada. Tinha formas bonitas e um rosto que mesclava o belo de sua paixão e o triste dos ciúmes que era obrigada a sentir em seu silêncio. Infelizmente nesse triângulo ninguém se realiza. Todos perdem com o desfecho trágico da prisão de Simão e a condenação ao degredo na Índia. O grande vilão da obra não é uma personagem específica, mas sim a própria sociedade da época. Os três cavalheiros, também contribuem paraesse antagonismo, cada um de uma forma: Domingos Botelho com o assassinato e o amor não realizado; Tadeu de Albuquerque, com sua forma dominadora diante de sua filha e de seus comandados, autoritário e inflexível; Baltazar Coutinho, primo de Tereza, interesseiro e fofoqueiro, induz ao tio colocar Tereza em um convento, é ferido em um duelo por Simão. Após a impossibilidade de Tereza ter o amor de seu Simão, pois o mesmo teve que cumprir o exílio na Índia. Dez anos de clausura dela e será dez anos de prisão de Simão, aí eles terão a redenção.
“Em dez anos terá morrido meu pai meu pai e serei tua esposa, irei pedir ao rei que te perdoe...Morrerei Simão, morrerei. Perdoa tu ao meu destino...Perdi-te...Bem sabes que sorte eu queria dar-te...Adéus até o céu Simão...”
Tereza, adoece e morre definhando sem seu amor. Ao tomar conhecimento, Simão também adoece e defina pela falta de seu amor, que por conseqüência Mariana pratica suicídio e o triângulo é desfeito na terra.
Amou, perdeu-se e morreu amando.
Referência Bibliográfica:
BRANCO, Camilo Castelo. Clássicos Scipione – Amor de Perdição. 1994. Editora Scipíone
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