O pescador e a sua alma e outros contos
(Oscar Wilde)
Poderá, uma paixão desenfreada por alguém, levar um homem a querer, desesperadamente, livrar-se da sua alma? Estará, a alma, disposta a fazer ainda mais para recuperar o corpo ao qual pertenceu? Parece que sim, pelo menos tal nos leva a pensar, Oscar Wilde, neste conto. Ele diz-nos que a pessoa e a alma são duas entidades unidas, mas, no entanto, separáveis, que podem, dessa forma, existir por si mesmas. Em comum têm um só coração, que é partilhado ou em caso da separação corpo-alma, alvo de disputa.
A força e a vontade do amor são tão possantes como as ondas do mar revolto? Em contrapartida, para que serve uma alma? A alma perdida e deambulante necessita do seu senhor e tudo faz para o rever. Mas o impulso amoroso do seu senhor é mais forte, tão forte que o leva ao abandono da alma, facto que terá o seu preço, pois o Diabo está sempre à espreita e nunca perde uma oportunidade para fazer o Mal agir.
Escrito numa prosa poética e de carácter enciclopédico, muito ao estilo do uso milenar das histórias das mil e uma noites, até pela utilização excessiva dos ambientes, das culturas e das paisagens orientais, este belo conto enche-nos de interrogações filosóficas acerca da nossa existência e da nossa missão, enquanto vivos e mesmo depois de mortos. Ao ritmo de uma narração infanto-juvenil, o conto ensina muito mais aos adultos, que às crianças, pois o autor aproveita o final para fazer a reconciliação entre as tradições culturais judaíco-cristãs e celtas e entre o pagão e o religioso cristão, tudo em nome do Amor, terminando o conto com esta moral ao estilo do romantismo literário da época : o amor tudo vale, o amor tudo pode. Oscar Wilde na sua faceta ímpar, a qual fez dele uma referência de mérito na literatura mundial.
BIBLIOGRAFIA : Oscar Wilde; O pescador e a sua alma e outros contos; Texto Editores; Lisboa; 2006
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