A Viuvinha
(José de Alencar)
Nesta obra de Alencar, urbanista, de 1857, o jogo do mistério e do interesse financeiro com narrador onisciente. Cheia de peripécias conta a história da queda, de um homem que começa herói, rico, feliz e perde até mesmo sua honestidade, seus valores pessoais, sua fortuna amealhada em toda uma vida de seu pai, jogada fora durante cinco anos de arrogância e desvelo. Jorge é esse homem de 24 anos que se torna herdeiro de uma grande fortuna amealhada pelo pai a duras penas. O Sr. Almeida amigo de seu pai torna-se seu tutor enquanto o dinheiro não domina sua mente. Passa a gastá-lo sem preocupação alguma se o dinheiro um dia possa acabar. O trecho abaixo mostra o Sr. Almeida comunicando a falência de Jorge.
“— Sou negociante e sei o que é o comércio. Depois que o vi finalmente voltar à vida regrada, quis ocupar-me de novo dos seus negócios; indaguei, informei-me e ontem terminei o exame da sua escrituração, que obtive de seus caixeiros quase que por um abuso de confiança. O resultado tenho-o aqui. O velho pousou a mão sobre a carteira.
— E então? perguntou Jorge com ansiedade. O sr. Almeida, fitando no moço um olhar severo, respondeu lentamente à sua pergunta inquieta:
— O senhor está pobre!”Obtido em "http://pt.wikisource.org/wiki/A_Viuvinha/III"
Nesse ínterim apaixona-se por D. Carolina – moça de 15 anos simples, doméstica, verdadeira, delicada, meiga que morava na casinha da Rua Santa Tereza. O jovem sem juízo após essa paixão passa a ver a vida de outra forma. Sua influência é totalmente positiva e desinteressada, mas já é tarde. Nos últimos dias que antecipam seu casamento descobre através de seu antigo tutor que está falido. Cheios de dívidas.
Jorge com o casamento marcado, prepara tudo, não pode fugir ao compromisso e sofrendo muito casa-se com seu amor.
“Jorge adiantou-se pálido, mas calmo, e, tomando a mão de sua noiva, ajoelhou-se com ela aos pés do sacerdote. A cerimônia começou. No momento em que o padre disse a pergunta solene, essa pergunta que prende toda a vida, o moço estremeceu, fez um esforço e quase imperceptivelmente respondeu. Carolina, porém, abaixando os olhos e corando, sentiu que toda a sua alma vinha pousar-lhe nos lábios com essa doce palavra :
— Sim! murmurou ela.
A bênção nupcial, a bênção de Deus, desceu sobre essas duas almas, que se ligavam e se confundiam. Pouco depois desapareceram os adornos de cerimônia e na sala ficaram apenas algumas pessoas que festejavam em uma reunião de amigos e de família a felicidade de dois corações.”
Jorge não quer a pobreza para seu amor, tenta recuperar a firma de seu pai, todos os negócios não consegue ver soluções e então o futuro marido de Carolina finge ter praticado suicídio em 1844. Casado pratica suicídio com dois tiros de pistola depois de um belo casamento. Carolina sofre com a perda do marido querido. Não sabia que era uma farsa. Do rapaz encontrado não se podia identificar o rosto.
“O moço afastou-se da praia e desapareceu, por detrás de alguns montes de areia que se elevavam aqui e ali pelo campo. Meia hora depois ouviram-se dois tiros de pistola; os trabalhadores que vinham chegando para o serviço, correram ao lugar donde partira o estrondo e viram sobre a areia o corpo de um homem, cujo rosto tinha sido completamente desfigurado pela explosão da arma de fogo. Um dos guardas meteu a mão no bolso da sobrecasaca e achou uma carteira, contendo algumas notas pequenas, e uma carta apenas dobrada, que ele abriu e leu:
Peço a quem achar o meu corpo o faça enterrar imediatamente, a fim de poupar à minha mulher e aos meus amigos esse horrível espetáculo. Para isso achará na minha carteira o dinheiro que possuo.
Jorge da Silva
5 de setembro de 1844”.
Usando nome falso de Carlos diante de uma pobreza terrível consegue viajar para os Estados Unidos e faz negócios até recuperar sua fortuna e volta para o Brasil a fim de restaurar sua vida e reencontrar seu amor, sua mulher Carolina. Mas as feridas do sofrimento são terríveis será que ela ainda o queria, o receberia com todo seu amor, ou já estaria vivendo um novo amor? Apesar de toda dor, todo sofrimento o amor pode ser realizado.
“Jorge e sua mulher são hoje nossos vizinhos; têm uma fazenda perfeitamente montada. Para evitar a curiosidade importuna e indiscreta, haviam imediatamente abandonado a corte. A boa D.Maria já está bastante velha. O sr. Almeida partiu há seis meses para a Europa, tendo feito o seu testamento, em que instituiu herdeiros os filhos de Jorge. Carlota é amiga íntima de Carolina. Elas acham ambas um ponto de semelhança na sua vida; é a felicidade depois de cruéis e terríveis provanças. As nossas famílias se visitam com muita freqüência; e posso dizer-lhe que somos uns para os outros a única sociedade. Isto lhe explica, D..., como soube todos os incidentes desta história”.
Referência Bibliográfica:
ALECAR, José de. A Viuvinha. Serie Bom Livro. Editora Ática. SÃO PAULO.
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