O Primo Basílio
(Eça de queiróz)
Publicado em 1878, o romance O Primo Basílio constitui a análise da família burguesa urbana. O autor, que já criticara a província em O Crime do Padre Amaro, volta-se agora para a cidade, a fim de sondar e analisar as mesmas mazelas, desta vez na capital: para tanto, enfoca um lar burguês aparentemente feliz e perfeito mas com bases falsas e igualmente podres. Nesta obra, Eça cria tipos definitivos: Luísa, moça romântica e sonhadora, mantém um romance adolescente com seu primo Basílio, até que este vai para o Brasil fazer fortuna. Desalentada, passa algum tempo a chorar o amor perdido, até que conhece Jorge, por quem julga apaixonar-se e com quem se casa. Jorge é o símbolo acabado da burguesia moralista: é tradicional, honesto, trabalhador, incapaz de uma "fraqueza moral." Consumado o casamento, os dois vivem formalmente felizes, na companhia alegre dos amigos Conselheiro Acácio - tipo representante do formalismo oficial, falso, podre e decadente -, dona Felicidade - senhora rotunda e fogosa, apaixonada pelo conselheiro -, Sebastião Vasconcelos - imagem da retidão, amizade e honestidade - e das empregadas Joana - assanhada e namoradeira - e Juliana - revoltada, invejosa, despeitada e amarga, responsável pelo conflito do romance. Ao mesmo tempo que cultiva uma união formal e feliz com Jorge, Luísa ainda mantém amizade com uma antiga colega, Leopoldina - chamada a "Pão-e-Queijo" por suas contínuas traições e adultérios -, o que não é bem visto pelo marido. Entrementes, Juliana espera apenas uma oportunidade para apanhar a patroa "em flagrante". A ocasião não se faz demorar muito: Jorge precisa viajar a negócios para o Alentejo, e exatamente nesse meio-tempo, Basílio chega do exterior. Conquistador e "bon vivant", o primo não leva muito tempo para reconquistar o amor de Luísa, agora transformado em ardente paixão. Os encontros entre os dois se sucedem, ao par da troca de cartas de amor, uma das quais é interceptada por Juliana - graças aos conselhos "sábios" de tia Vitória -, que começa a chantagear a patroa. Transformada de senhora mimada em escrava, Luísa começa a adoecer. De frágil constituição, os maus tratos que sofre de Juliana logo lhe tiram o ânimo, minando-lhe a saúde. Jorge volta e de nada desconfia, pois Luísa satisfaz todos os caprichos da criada, enquanto tenta todas as soluções possíveis, até que encontra a ajuda desinteressada e pronta de Sebastião, o qual, armando uma cilada para Juliana, intentando levá-la presa, acaba por provocar-lhe um ataque e a morte. É um novo tempo para Luísa, cercada do carinho de Jorge, Joana e da nova empregada, porém, tarde demais: enfraquecida pela vida que tivera de suportar sob a tirania de Juliana, é acometida por uma violenta febre. Em delírio, conta a Jorge seu adultério, fazendo-o entrar em desespero e, no entanto, perdoar-lhe a traição. De nada adiantam os carinhos e cuidados do marido e dos amigos, nem o zelo médico - que chegou a raspar-lhe os longos cabelos - de que foi cercada. Luísa morre e o "lar formalmente feliz" se desfaz. O romance termina com a volta de Basílio - o qual fugira, deixando-a sem apoio - e seu cinismo, ao saber da morte da amante: comenta com um amigo que "antes tivesse trazido a Alphonsine", sua amante parisiense. Está pronto seu retrato de dândi.
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