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Weber e a Sociologia da Educação
(Wania R. C. Gonzales)

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Weber não privilegiou em sua análise sobre a sociedade capitalista a ocorrência de uma relação harmoniosa entre os indivíduos. Reconheceu, inclusive, a ocorrência de uma luta latente pela existência entre os indivíduos e a denominou de seleção social.
O sociólogo diferenciou os termos seleção, seleção social e seleção biológica. A luta pela existência entre os indivíduos, quando não é intencional, é denominada seleção; quando se relaciona às chances que os indivíduos têm na vida, é denominada seleção social. A seleção biológica é a que se relaciona às chances de sobrevivência decorrentes do patrimônio genético de cada indivíduo. A seleção é permanente nas sociedades, e não existem meios de eliminá-la globalmente, a não ser teórica ou utopicamente. O autor entende que, a longo prazo, toda luta acarreta a seleção dos indivíduos possuidores de determinadas qualidades pessoais, e que o fator sorte também contribui para o êxito ou fracasso. A educação é um elemento importante por favorecer o êxito do indivíduo na seleção social.
Um outro aspecto destacado pelo autor consiste em considerar a educação como uma relação associativa, tal como qualquer relação social, orientada racionalmente a um fim que pode criar valores diferentes dos intencionados. A educação pressupõe uma associação entre os indivíduos, e estes visam a um determinado objetivo. A adesão entre seus membros costuma acontecer de forma voluntária. Mas o resultado da ação de seus membros, em determinadas circunstâncias, pode ser heterogêneo, pois à “relação associativa segue-se, em regra, uma relação comunitária mais complexa que a abrange. É claro que isso ocorre apenas numa parte das relações associativas, a saber, naquelas em que a ação social pressupõe algum contato ‘pessoal’, e não puramente de ‘negócio’ ”(WEBER, 1997, p.280). Neste último caso, não são levadas em conta as qualidades pessoais do indivíduo em virtude do caráter econômico da troca de ações. Isso ocorre com freqüência em comunidades puramente econômicas e naquelas que possuem fins puramente políticos. A relação comunitária que se caracteriza pelo sentimento do indivíduo de pertencer ao mesmo grupo se distingue da participação num mercado. Mas “cria relações associativas entre os participantes individuais na troca e numa relação social (de ‘concorrência’, sobretudo) entre os que pretendem trocar e que, por isso, têm de orientar o seu comportamento pelo dos outros participantes” (WEBER, 1997, p.35).
Existem relações associativas nas quais a admissão se dá em virtude de determinadas qualificações específicas dos indivíduos, que são examinadas e precisam do consentimento dos demais membros. “Nesse caso, os membros costumam examinar não apenas as funções e a capacidade do candidato individual, naquilo que diz respeito às finalidades expressas da associação, mas também seu ‘ser’, o valor de sua personalidade global” (WEBER, 1997, p280 e 281). Esse processo seletivo ocorre nos diversos tipos de associação,([1]) inclusive na educação. As características de personalidade ajudam a legitimar a admissão de um determinado indivíduo ante o mundo externo. O indivíduo, por participar de uma determinada ação social, pode obter benefícios não previstos nos fins específicos de uma determinada associação. “Por isso, é um fenômeno cotidiano o fato de que essas pessoas pertençam a uma associação religiosa, estudantil, política ou outra qualquer, apesar de indiferentes aos interesses nela cultivados, simplesmente por causa das ‘legitimações’ e ‘conexões’ economicamente aproveitáveis que elas propiciam” (WEBER, 1997, p.281).
A obtenção de vantagens econômicas leva os indivíduos a circunscrevê-la a um grupo reduzido de pessoas, pois, quanto mais reduzido o grupo de uma associação que lhes possibilite legitimações e conexões economicamente aproveitáveis, maior é o prestígio social dos seus membros. Nas formações comunitárias as pessoas se distinguem por suas qualificações adquiridas com a educação ou a prática. Essas qualificações orientam a vida dos indivíduos de forma cavalheiresca, ascética, etc. A ação social, quando assume a forma de uma relação associativa, constitui uma corporação. A monopolização de uma profissão ocorre quando um grupo de pessoas adquire direitos plenos em relação a ela. Esses direitos são adquiridos mediante uma preparação de acordo com as normas da profissão, a comprovação da qualificação e a prestação de determinados serviços em determinados períodos de carência. As relações associativas hierárquicas das associações estudantis, as ordens cavalheirescas, as corporações de artesãos e as exigências de qualificação dos funcionários e empregados modernos são os exemplos, destacados pelo autor, de limitação da oferta de pretendentes às prebendas e ao resguardo de honras da posição profissional.




[1] O autor cita as seitas religiosas e as uniões de caráter social.



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