Contra a arrogância
(Alexandra Fernandes; Paulo Nogueira)
Sócrates é um formidável remédio contra a presunção. Quando você está se achando o rei do universo, quando você olha para o espelho e admira apaixonadamente o que vê, quando começa a acreditar que é uma prova viva da existência de Deus, bem, é tempo de pensar em Sócrates. Maior de todos os filósofos, grande mestre de gênios como Platão e Aristóteles, ídolo de todos pensadores relevantes que vieram depois dele pelos séculos afora, Sócrates pronunciou a maior frase contra a arrogância da história da humanidade:”Tudo que sei é que nada sei”. Sócrates ( 470-399a.c.) mudou a história da filosofia. Deu a ela um inédito caráter prático, moral e ético. Com ele a filosofia se transformou como que num manual para tornar a vida melhor de todos nós. Para nos ajudar a enfrentar as adversidades. Para nos aprimorarmos interiormente. Pensador nenhum se igualou a ele, e no entanto Sócrates jamais escreveu um único livro. Suas idéias e atitudes foram transmitidas à humanidade sobretudo pelas obras de Platão, seu discípulo. Ele reuniu um número extraordinário de virtudes. Tinha uma vida simples.”Quanto menos desejos você tem, mais perto dos deuses”, disse ele. Sêneca escreveu que Sócrates não se deixava perturbar pelos bens materiais: desfrutava se os tinha. Abstinha-se deles sem sofrimento se os perdia. Foi corajoso na vida e na morte. Combateu em algumas guerras de Atenas, a cidade que o fez ser o gigante que foi e depois o matou. Recebeu condecoração por bravura. Há registros de resistência invulgar em seus dias de guerreiro: andava descalço e sem casaco em temperaturas baixíssimas. Tinha além do mais senso de humor. “Case-se”, recomendava ele a todos. “Ou você encontra uma mulher boa e vira um homem feliz ou acha uma megera e se transforma num filosofo”. Xantipa, sua mulher, era reconhecidamente insuportável. Com ela teve três filhos. A Guerra do Peloponeso em que Atenas foi derrotada por Esparta, selou a sorte de Sócrates. Ele foi acusado de corromper a juventude com suas idéias. Um tribunal o condenou a tomar cicuta. Seus discípulos armaram uma fuga, mas Sócrates se recusou. Ele agiria como um covarde, e então seu exemplo não teria valor para a posterioridade. Sócrates consolou seus discípulos, devastados. Lembrou a um deles que tinha uma dívida que devia ser paga. Pediu instruções ao homem incumbido de dar-lhe o veneno, para evitar problemas na execução. Pronunciou prestes a morrer: “Chegou a hora de partir, vocês para a vida, eu para a morte. Qual dos dois destinos é melhor, só os deuses sabem”.
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