Flagrantes do dia
(José Guimarães)
Um
No ônibus, um menino de uns três anos mais ou menos, sentado no banco perto do cobrador, ao lado da mãe, se desequilibra e quase cai para frente.
A mãe dá uma bronca tão grande nele e um belo tapa nas costas do menino, na altura do pulmão, que ele se desequilibra e quase cai de novo, agora com mais força, no mesmo lugar.
- Que susto que você me deu! - disse ela. - Podia cair e se machucar!
Porém, longe de perceber que o tapa que ela dera foi mais prejudicial que a queda, pois, além de deixar a auto-estima dele lá embaixo, ainda poderia prejudicar seu pulmão, frágil nessa idade.
A gente fica com vontade de chamar atenção de uma mãe assim, mas se cala. Só fico pensando qual seria a reação de Içami Tiba se estivesse ali.
Instantes depois ela agradava insistentemente o filhinho, que choramingava baixinho com a cabeça encostada em seu ombro.
Dois
Na avenida, um homem, depois de rasgar um folheto que pegara no caminho, jogou disfarçadamente os pedaços ao pé dele, enquanto caminhava. Os papéis coloridos ficaram espalhados no chão, voando ao sabor do vento. Ah, vontade de dar uma bronca nele! Mas quem sou eu para fazer isso?
Era só ele caminhar mais uns passos e jogar os paéis na lixeira. Havia uma bem perto dele.
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