Os mitos da indústria de alimentos - mentira ou verdade?
(Pedro Henrique Baptista de Oliveira)
Nos últimos cem anos, a humanidade enfrentou uma verdadeira revolução; nas artes, esportes, educação, tecnologia. Tudo devido à uma grande explosão demográfica, aliada ao maior controle de doenças outrora devastadoras.
No entanto, o que mais parece ter evoluído (ainda que hoje não o seja igualmente) parece ser a distribuição e acesso aos alimentos.
Em particular, tomemos como exemplo o leite que antes em garrafas ou saquinhos era transportado e vendido somente próximo às regiões produtoras, hoje pode ser encontrado do Oiapoque ao Chuí, armazenado muitas vezes em consistentes e resistentes embalagens cartonadas, as famosas caixinhas obtidas por embalagem Tetra-pack® principalmente. Poderíamos citar também o grande número de marcas de refrigerantes, doces e balas encontrados em qualquer esquina; enfim, o acesso a produtos outrora raros.
Senão, como não lembrar dos nossos pais e/ou avós que, para comer um doce, tinham que esperar o aniversário, natal ou outra data?
Hoje, pelo aumento desenfreado da produção e do consumo, a indústria de alimentos aumentou a diversidade (mix) de produtos, lançou tamanhos, formatos, pesos, sabores diferentes do mesmo produto e disseminou sua presença não só no Brasil, mas internacionalmente.
Paralelamente, como não notar os últimos e mais recentes episódios que atacam (muitos com razão) essas empresas?
Inicialmente, veio, a partir da década de 80, com a explosão de produtos alimentícios industralizados e problemas de acessibilidade a uma melhor tecnologia de processo e embalagem, a necessidade do uso (muitas vezes indiscriminado) de corantes artificiais, conservantes, acidulanetes e antioxidantes; os aditivos alimentares intencionais. A partir de então, a sociedade, mesmo que timidamente, protestou e pesquisas foram feitas no sentido de se mostrar a alergenicidade de alguns desses compostos e a necessidade de maior controle (legal e fiscal) nas empresas.
E a partir da descoberta do DNA? Portas foram abertas para a introdução de genes estranhos em alimentos (soja transgênica e seus derivados, arroz dourado, tomates resistentes, camarão)... os transgênicos. Nova onda de protestos, estudos, ensaios e mais fiscalização e pressão para tomada de posicionamento governamental.
Verdade é que, por ser uma área que importa e interessa a muitos, ou melhor, a todos, pois necessitamos consumi-los, os alimentos podem passar de vilões a mocinhos, ou vice-versa, em questões de dias.
Um exemplo atual é a veiculação pela internet (essa arma potente, poderosa e perigosa, por vezes) do proceso de repasteurização (o certo seria reesterilização) do leite longa vida em caixinha conforme o número final impresso no fundo da embalagem. Para tanto, disseminou-se a informação que não se deveria comprar aqueles que, por ventura, tivessem números maiores (cinco, por exemplo). É de se estranhar que um produto de baixo valor agregado em relação à embalagem (como esse leite) apresente um programa de “recall” de até cinco vezes e que as empresas gastem dinheiro na coleta, reprocessamento e novo transporte para regiões distribuidoras. Além disso, dependendo da empresa, sua distribuição do produto pode abranger quase todo o país continental Brasil. Na verdade, o número impresso equivale ao posicionamento da bobina (embalagem) na máquina embaladora/envasadora de leite. Aí sim, se surgir qualquer problema de contaminação e/ou estufamento (por furos na embalagem), pode-se promover o recolhimento e detectar a hora de processamento e se houve qualquer falha no processo de fabricação da embalagem, do equipamento, da empresa emvasadora (laticínios) e/ou do operador da máquina. Como se não bastasse, a legislação brasileira proíbe qualquer processo de repasteurização do leite.
Outros mitos passam de absurdos a engraçados e perpassam gerações. Como não citar que “comer muito queijo faz perder a memória (só se for esquecer aonde se pôs o queijo que acabou)”; “alimentos como pimenta, chocolate, maçã e alho são afrodisíacos”; que “temperar carne com limão diminui a gordura ou chocolate diet não engorda (boas desculpas para quem quer comer mais)”; “refrigerante com aspartame mata (se beber 100 L por dia talvez)”.
Enfim, é de fato interessante e notório verificar que um país que vive mergulhado em lendas e crendices, não faltem às relacionadas diretamente aos alimentos, já que estes fazem parte da nossa cultura, do nosso dia-a-dia e refletem em muito a nossa personalidade brasileira.
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