Gorduras trans- as novas vilãs
(Pedro Henrique Baptista de Oliveira)
Ah! As gorduras, que recheiam os sonhos de doce de leite, dão cremosidade aqueles sanduíches enormes, crocância àquela batata-frita, sabor aquele pastel ... viraram criminosas do século... de um dos maiores males deste: a obesidade associada à gula.
No entanto, essas são substâncias importantes, já que nos fornecem energia em grande quantidade (duas vezes mais que as proteínas), além de controlarem absorção de vitaminas, controlarem o calor do corpo, formarem as membranas das células e a produção de importantes hormônios no organismo.
Com a correria do dia a dia e o aumento populacional, principalmente das médias e grandes cidades, o fornecimento de alimentos industrializados passou a preencher as prateleiras e também houve um crescimento das redes de lanchonetes “fast-food”, que possuem uma linha de produtos nem sempre muito saudável.
Devido a isso, houve um aumento considerável da população obesa, não só no Brasil. Preocupada com isso, a comunidade científica de todo o mundo descobriu o primeiro grande vilão: o colesterol, causador só no país de 40% das mortes em pessoas com mais de 45 anos, por doenças relacionadas ao coração. Resultado? Esta molécula se transformou na mais estudada de todas no mundo, desde o final do século passado.
O colesterol é um tipo de gordura produzida pelo próprio organismo ou encontrada naturalmente nos alimentos de origem animal: ovos (gema), carnes e leite (e derivados) e foi durante muitos anos a principal fonte de gordura dos brasileiros, que outrora possuíam uma vida menos sedentária. Essa substância possui dois tipos: o HDL (High Density Lipoprotein) ou colesterol bom, que atua como “gari”, retirando o excesso de colesterol e impedindo o acúmulo e placas nas artérias e o LDL (Low Density Lipoprotein), que acaba deixando durante o transporte parte do colesterol nas artérias. O problema não é o colesterol, mas níveis altos (LDL acima de 130 mg e colesterol total acima de 200 mg) ou muito altos (LDL acima de 160 mg e colesterol total acima de 240 mg) devido à uma dieta rica em gorduras saturadas, de origem animal.
Por conseguinte, iniciou-se uma campanha mundial de combate ao colesterol e principalmente às gorduras saturadas, incriminando muitos alimentos como fontes, principalmente o ovo e enaltecendo a substituição total da gordura de banha, por exemplo, por óleos vegetais (canola, girassol, soja), que não possuem colesterol e, además, a utilização em massa da margarina, em detrimento da manteiga.
No entanto, com o avançar das pesquisas, eis que surge um nova vilã (associada à obesidade e doenças coronarianas), por ora muito badalada: a gordura trans.
As gorduras trans (ou ácidos graxos trans) são gorduras resultantes de um processo industrial no qual, a partir de fontes de gordura líquida (como óleo de soja) por um processo de hidrogenação, obtém-se uma gordura pastosa mais firme, que melhora a aparência, palatabilidade, textura, sabor e vida de prateleira do produto. Elas ocorrem naturalmente em pequenas quantidades nos leites e carnes e em grande quantidade em diversos alimentos industrializados: fritos de pacote (“snacks”, batatas-fritas), bolos, algumas margarinas, pipocas, doces, tortas e pães, além de serem largamente usadas em lanchonetes.
O problema delas? Dados da comunidade científica internacional vêm demonstrando que o consumo de mais de dois gramas (2 g) de gordura trans por dia, induz o aumento do colesterol ruim (LDL), aumentando o risco de doenças do coração (principalmente arteriosclerose), além de diminuir os níveis de HDL e, para diabéticos, diminuem a resposta à insulina, prejudicando seu quadro clínico. Ou seja, essas gorduras trans podem ter os mesmos efeitos maléficos das gorduras saturadas ou até maiores. Por exemplo; estudos comprovam que comer um simples donuts (biscoito frito com canela, açúcar e/ou outros recheios) equivaleria, em média, ao consumo de oito fatias finas de bacon, no potencial de indução de produção de colesterol.
Por isso, o FDA (Food and Drug Administration), órgão máximo de saúde dos Estados Unidos, bem como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do Brasil, determinaram aos fabricantes dos alimentos industrializados a exigência da quantidade de gordura trans em seus rótulos, a fim de alertar os consumidores.
E agora? Como evitá-las? Na verdade, você não precisa evitá-las, mas controlar seu consumo, reduzindo a ingestão de alimentos como batatas-fritas, de "fast-foods", salgadinhos, biscoitos, bolos, margarinas sólidas e aumentando a de alimentos com outros tipos de gordura benéficos, como abacate, nozes, sementes, azeitonas, soja, peixes e frango.
Leia os rótulos, alimente-se bem e acima de tudo: pratique atividades físicas regularmente. Na dúvida, procure uma nutricionista que poderá te indicar a melhor dieta.
Paranóia nunca; informação sempre.
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