Phieldwork in Philosophy: Habitus, Estruturalismo e Liberdade (?)
(Pierre Bourdieu)
Com vistas a detalhar sua perspectiva de análise, Bourdieu indica que sua abordagem basear-se-ia num: "Estruturalismo genético: a análise das estruturas objetivas as estruturas dos diferentes do campos - é inseparável da análise da gênese, nos indivíduos biológicos das estruturas mentais (que são parte produto da incorporação da estruturas) (p. 26)". Partindo dessa perspectiva, Bourdieu critica de modo incisivo a noção de liberdade caríssima a autores da filosofia existencialista (como Jean Paul Sartre) de modo incisivo a noção de liberdade, afirmando que: "É através da ilusão de liberdade em relação às determinações sociais (...) assim, paradoxalmente, a sociologia liberta libertando da ilusão de ilusão de liberdade (p. 28)". Como instrumento de libertação, resultado da junção entre filosofia e sociologia, propõe uma análise das estruturas que leve em conta as condições sociais de produção dessas estruturas. No tocante ao poder das estruturas simbólicas sobre o mundo social, afirma que: "O certo é que, dentro de certos limites, as estruturas simbólicas tem um extraordinário poder de constituição (no sentido da filosofia e da teoria política) que foi muito subestimado. Mas essas estruturas me parecem definidas em sua especificidade pelas condições históricas de sua gênese (p. 31)". Dessa forma, a abordagem deste autor mais seria uma alternativa à oposições bipolares : essencialismo/existencialismo; finalismo/mecaniscismo. Assim, estaria atribuindo aos indivíduos e às estruturas sua justa capacidade de construção do mundo social.
Nessa última seção, Pierre Bourdieu tece comentários sobre a pesquisa em sociologia a partir de seu ponto de vista particular. No que se refere a suas escolhas e estratégias de pesquisa afirma que: "(...)minhas escolhas e estratégias de pesquisas sempre foram motivadas pela resistência aos fenômenos da moda (...) muitas das minhas estratégias de pesquisa inspiram-se na preocupação de recusar a ambição totalizante que é comumente identificada com a filosofia (p. 32)". A partir dessa preocupação, teria buscado identificar o fator arbitrário presente nos esquemas de classificação, objeto da sociologia do conhecimento: "Não se deve deixar de ver que as formas de classificação são formas de dominação (p . 37)". Naquilo que tange à ligação entre razão, história e historicidade indica que: "É descobrindo sua própria historicidade que a razão obtém os meios para escapar à história (p. 38)". Isso implicaria em dizer que, para se exercer de maneira mais precisa e poderosa, é necessário à razão o conhecimento social e histórico de suas condições de constituição. Sobre a sua concepção de pesquisa sociológica, Bourdieu diz que: "A pesquisa sociológica como a concebo é também um bom terreno para se fazer o que Austin chamava de "Fieldwork in Philosophy (p. 42)".
Por último, Bourdieu trata dos temas da cultura e das duas dimensões da prática. Em relação à cultura, o autor concebe sua função da seguinte maneira: "''E papel da cultura apontar os autores em que se tem possibilidade de encontrar ajuda (...) a cultura é essa espécie de saber gratuito para todos os fins (p. 43)". No tocante às duas dimensões da prática, eis como Bourdieu as distingue: "Há, em toda atividade, duas dimensões relativamente independentes: a dimensão propriamente técnica e a dimensão simbólica pela qual aquele que age é capaz de mostrar e fazer valer determinadas propriedades notáveis de sua ação (p. 43)".
Dessa maneira, ao acrescentar à noção de cultura um aspecto utilitário, e, ao mesmo tempo, expliitar o duplo caráter da prática, estaria Bourdieu apontando novos caminhos para se abordar esses dois elementos da vida social, opondo-se ao idealismo de certas visões ditas "culturalistas[1]" e, ao realismo presente em análises que reduz a dimsão prática da ação social aos comportamentos observáveis dos agentes.
[1] Afirmações oriundas dessas visões podem ser exemplificadas por afirmações como: "tudo que o homem pensa coletivamente é cultura"(MCLAREN, Peter. Multiculturalismo Revolucionário. Porto Alegre, 1999; Artes Médicas, p. 94.).
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