O Lavrador e As Juritis
(José Guimarães)
Um lavrador, certa manhã, colocou farelo de milho no quintal em dois lugares diferentes, um perto dele e outro mais distante, e ficou observando se os pássaros viriam comer. Não demorou muito vieram duas juritis. Havia bastante farelo, mas ele observou tristemente que uma expulsava a outra. Esta teimava em ficar mas aquela erguia as asas e perseguia esta até que ela fosse embora. “Incrível”, pensou o lavrador, na natureza também existe egoísmo. Coloquei farelo para todas as aves e agora aquela juriti pensa que é só dela. Não bastando isso, percebeu que a juriti egoísta expulsava também as outras aves que se aproximavam do farelo. Então ele pensou expulsar a juriti briguenta, mas como não ia ficar muito tempo ali, ela certamente voltaria e expulsaria as outras. Isto é, exerceria sua tirania. “Assim é também com os homens”, pensou o lavrador. Deus dá para todos, mas só um quer tomar posse de tudo. Então torceu para que a juriti expulsa encontrasse o farelo de perto dele. Não demorou muito ela o encontrou e comeu até saciar-se. “Ela foi expulsa de lá, mas ganhou um quinhão maior e ainda perto de mim, que posso dar mais a ela”, pensou o lavrador. E concluiu: “Assim também deve ser com Deus para com os homens, quando um é expulso do paraíso por causa da ganância de outro, se em vez de brigar e alimentar seu ódio ele foge e procura outro paraíso, certamente o encontrará, e bem mais perto do Criador, que o protegerá mais que àquele que o expulsou”.
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