Frank Wess Quartet
(John Lester)
Nossa mente é realmente uma caixinha de surpresas: lá estava eu, refestelado num velho sofá e vendo estarrecido um candidato ao governo do ES sacolejar irritantemente as mãozinhas de um lado para o outro – creio que alguns candidatos são amestrados a gesticular, como que com isso conseguissem dar alguma credibilidade às asneiras que nos contam. Bem, vendo aquelas mãozinhas hediondas balançando ridiculamente de um lado para o outro, lembrei dos maestros e dos flautistas. Claro que os movimentos das mãos dos maestros e flautistas têm utilidade e razão de ser, ao contrário dos movimentos que os políticos têm feito no horário eleitoral, seguindo certamente a orientação de algum ultrapassado especialista em comunicação. Talvez tenham lhes dito que nós, pobres eleitores, somos todos idiotas e gostamos de ver um discurso vazio cheio de gestinhos insuportáveis. Mas é isso: sabendo que alguns maestros são capazes de reger apenas com o olhar, porque um político precisa sacudir tanto as mãozinhas para pedir um voto? A impressão que fica é a seguinte: já que eles não têm nada relevante a nos dizer, que ao menos o discurso vazio seja bem recheado de gestos sem qualquer swing. Pois bem: revoltado, desliguei a TV e fui pegar alguma coisa de um desses caras que balançam as mãos para produzirem algo que vale a pena: arte, prazer e música da mais alta qualidade: Frank Wess, um desses gigantes esquecidos do jazz. Aos navegantes que gostariam de atropelar todas essas marionetes insuportáveis que têm aparecido no horário eleitoral, deixo as faixas Stella By Starlight e Star Eyes do excelente álbum Frank Wess Quartet, gravado em 1960, com Tommy Flanagan (p), Eddie Jones (b) e Bobby Donaldson (d). É logo acima, ali no Gramophone Jazzseen.
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