A SECA NA AMAZONIA
(Olavo Tapajós)
A SECA NA AMAZONIA
Como explicar a seca na Amazônia, a maior bacia hidrográfica do mundo? Será que as coisas estão ficando fora de ordem? Dentre as explicações, a que mais me convenceu foi a defendida pelo pesquisador Carlos Nobre do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que estabelece três fatores que poderiam ser os responsáveis por essa seca muita intensa: o aquecimento do Oceano Atlântico, a redução da transpiração das florestas e a fumaça produzida pelas queimadas. O cientista Carlos Nobre explica mais detalhadamente o aquecimento do Oceano Tropical Norte que ficou em média dois graus mais quente. Essa massa líquida induz muitas chuvas na região e também um movimento ascendente, muito comum em locais com alto índice pluviométrico. Como sabemos que tudo que sobe tende a descer.
Esse ar, que desce sobre a Amazônia, acaba dificultando a formação de chuvas. Isso pode ser uma das explicações da severidade e da duração desta seca muito diferente das secas ocorridas nos outros anos. Os outros dois fatores são considerados menos importantes pelo pesquisador, ou seja, as estiagens prolongadas reduzem a transpiração das arvores e plantas da floresta, o que acaba por diminuir a reciclagem da água. Já o último fator é defendido pelo pesquisador através de estudos que mostram que a fumaça das queimadas, podem, também, dificultar a formação das chuvas na Amazônia.
Além, dos fatores defendidos anteriormente, não posso deixar de considerar o aumento do calor no planeta, provocado pela emissão de gases de efeito estufa responsáveis pela elevação da temperatura da terra pela ação destrutiva do homem, especialmente pela emissão de gases de dióxido de carbono. Entretanto, as evidências vão se acumulando. Exemplos disso são as enchentes que têm ocorrido com freqüência ao redor do mundo com as que ocorreram na China recentemente, os furacões como Katrina, que devastou a região de Nova Orleans - EUA em agosto passado, e o Wilma, que acabou sendo generoso com a região do Golfo do México e recentemente o terremoto ocorrido no Peru com conseqüências observadas em alguns pontos da cidade de Manaus. Bom, sabe-se que a Amazônia vive a pior estiagem dos últimos 60 anos.
Algumas fotos da seca estão sendo divulgadas via Internet mostrando cenários desoladores da região que detém mais de 20% da água doce do Planeta. São rios, igarapés, furos, canais secos, embarcações de vários portes encalhadas em bancos de areia, mortandade de toneladas de peixes alterando a diversidade do seu ecossistema, provocado pelo desequilíbrio ambiental na região, e deixando aproximadamente 170 mil pessoas sem a possibilidade de locomoção no estado do Amazonas. Para atenuar essa situação problemática a logística poderia ser utilizada como alternativa de solução. De que forma isso vêm ocorrendo? O governador Eduardo Braga decretou estado de calamidade pública em alguns municípios que ficaram isolados no estado do Amazonas. Com esse isolamento, a logística de distribuição passou a ser de fundamental importância para o processo de distribuição das cestas básicas, kits de medicamentos, hipoclorito de sódio (popularmente conhecido como água sanitária) no tratamento da água e galões de combustíveis para os municípios isolados.
Condições de navegabilidade
A logística de distribuição foi planejada depois de um sobrevôo realizado nas regiões mais atingidas. O sobrevôo serviu para identificar quais localidades oferecem condições de pousos e decolagens das aeronaves e ao mesmo tempo identificar as condições de navegabilidade dos rios, ou seja, mostra que a logística foi planejada sobre a ótica dos modais aéreo e fluvial. O governo federal editou uma MP (Medida Provisória), liberando mais de R$ 30 milhões para as ações nos municípios atingidos pela seca e disponibilizou seis helicópteros da Marinha e cinco do Exército, além de três aviões Hércules C-130, um Boeing 707 e três helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira), além da contratação de embarcações e aeronaves de pequeno porte pelo governo estadual do Amazonas.
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