ANALISE DE TEXTO HUMORÍSTICO
(Eliana Maria Borges (UENF))
Realmente, as piadas por veicularem, com
bastante freqüência, uma visão sintetizada dos problemas, podem tornar-se mais
fáceis de serem compreendidas por interlocutores não-especializados. Segundo
Possenti, há fortes razões para que elas se tornem objeto de análise.
As piadas são interessantes, por
exemplo, porque grande parte delas versam sobre sexo, política, racismo,
instituições (Igreja, escola, casamento, maternidade, línguas), loucura, morte,
desgraças, sofrimento, defeitos físicos - para o humor, a velhice, a calvície, a
obesidade, órgãos genitais pequenos ou grandes, são defeitos - ou seja, temas
socialmente controversos. Dessa forma, elas servem de excelente corpus
para que estudiosos possam reconhecer ou confirmar manifestações culturais e
ideológicas.
Outra razão que justifica a análise de
piadas é que, como elas funcionam, em grande parte, na base de estereótipos,
fornecem um bom material para pesquisas sobre representações sociais. Por
exemplo, nas piadas, judeu só pensa em dinheiro, português é burro, inglesas são
frias, japonês tem sexo pequeno, baiano é preguiçoso, nordestino é o mais
potente, etc. Finalmente, as piadas são interessantes porque, quase sempre,
veiculam discursos proibidos, subterrâneos, não-oficiais, que, provavelmente,
não se manifestariam em uma entrevista, por exemplo.
As piadas interessam como peças textuais
para os estudiosos de discurso por mostrarem um domínio lingüístico que, de
alguma forma, é complexo. Para ilustrar hipóteses ou princípios de análise
lingüística, esses especialistas poderiam escolher uma piada e, com isso, teriam
um exemplo original, envolveriam os interlocutores em verdadeiros problemas de
interpretação e, mesmo, procederiam às abstrações necessárias para exemplificar
um mecanismo lingüístico qualquer.
As piadas, geralmente, acionam mais de
um mecanismo lingüístico. Apresentaremos alguns exemplos, nos quais nos propomos
a analisar os mecanismos lingüísticos (fonológico, lexical, morfológico,
sintático, etc) envolvidos na produção do humor, utilizando como referencial
teórico, a Análise do Discurso que entende o texto enquanto espaço de negociação
de sentidos. Mostraremos também como o locutor se posiciona frente à realidade,
a imagem que faz de si e do outro, sempre partindo daquilo que enunciou ou
deixou de enunciar. O humor, no tipo de texto analisado, opera em vários níveis
simultâneos, portanto, a divisão que será feita aqui é apenas para facilitar a
análise.
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