Adoro Ópera
(John Lester)
Em resposta aos numerosos e-mails enviados por nossos visitantes, alguns deles bastante veementes, resolvemos rever nossa política editorial e, atendendo aos apelos, publicar ao menos uma resenha mensal sobre vocalistas de jazz. E confesso: adoro música com letra. Soa como se eu estivesse vendo um filme com alguém do lado, ao meu ouvido, narrando os acontecimentos que se passam na tela. Quem já passou por essa situação sabe do que estou falando. Um homicídio doloso nesse tipo de ocasião seria plenamente justificável. Na verdade, nem mereceria ir a júri. Ocorre que as letras, assim como as poesias, devem ficar recolhidas em livros e, com o passar dos anos, ir gerando aquele agradável mofo sobre milhões de gorduchos ácaros. Entendo que, com raríssimas exceções, letra é letra, música é música, sobretudo quando o assunto é jazz. E não foram impressões muito diversas que levaram muitos grandes músicos de jazz a realizarem o scat, aquela coisa que parece letra, mas não é. Por isso, confesso, aqui e agora, que, quando ouço algum cantor, não estou efetivamente ouvindo música. Para mim é um outro tipo de fenômeno que acontece, um espetáculo mais amplo, mais intimista, quase um diálogo ou, melhor dizendo, um monólogo com fundo musical. Aos amantes da literatura deixo a faixa Take Five no Gramophone Jazzseen, logo acima, aos cuidados da competente Carmen McRae. A pequena peça foi gravada na década de 1960 com Dave Brubeck e Paul Desmond. Tenho certeza que Fernando Achiamé, o único sócio do Clube Das Terças que consegue ouvir Doris Day, vai aprovar nossa escolha.
Resumos Relacionados
- Elas Também Tocam Jazz - Shirley Scott
- Butler, O Chefe Dos Serviçais
- Elas Também Tocam Jazz - Dorothy Donegan
- Perico Sambeat
- Estranhas Brisas - Bojan Z
|
|