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O Saber do não-saber
(Dennys Robson Girardi)

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Quando mergulhamos no ideário medieval nos deparamos com uma compreensão própria de saber-conhecimento, um modo de entender o mundo que aparece como estranho para nós modernos. Hoje temos muita dificuldade em entender o modo de pensar que dominou a filosofia grega e que, dentro de um outro colorido, reapareceu na Idade Média. Este modo de pensar se refletia na compreensão de saber-conhecimento como um "não-saber". Não se tratava, entretanto, de um saber inculto, inócuo ou desprovido de conteúdo, mas consistia em reconhecer que não temos a capacidade de "saber tudo" e que somos capazes somente de reconhecer que "nada sabemos". Sócrates, lá na antiguidade, apresentou ao mundo este modo de saber, para isso ele cunhou uma frase que até hoje marca a história da filosofia: "tudo que sei é que nada sei". Na Idade Média este "saber do não-saber" foi atualizado por Nicolau de Cusa e chamado de "Douta Ignorância". Na modernidade, com o advento das ciências, perdemos essa noção de profundidade, o saber deixou de buscar o "não-saber", para se dedicar ao domínio do conhecimento. Enquanto o medieval dedicava a vida aos grandes empreendimentos, nós, modernos, fragmentamos nossos empreendimentos e dissolvemos nossas energias em inúmeras atividades. Para o medieval, qualquer atividade devia ser profunda e cheia de sentido próprio, nada era feito por fazer. Toda a existência estava empenhada em qualquer coisa que se iniciasse, por menor que fosse. Na modernidade temos a tendência de fragmentar as ações, dispersando nossa energia em várias coisas e direções. Assim, temos dificuldade de nos mantermos atentos a uma única coisa, e ficamos exaustos, pois não alcançamos nossos objetivos. A estrutura moderna, que tudo a fragmenta, fez-nos cegos para os grandes objetivos, não sabemos por que vivemos nem o que queremos de nossas vidas, diferente dos medievais, que tinham certo sua função e que tinham clareza do motivo pelo qual viviam. O cavaleiro queria ser o grande cavaleiro, o artesão queria ser o grande artesão, mas nunca um queria o espaço do outro. Talvez nos falte o ideal de ser o melhor em tudo que fazemos, coisa que definia bem um medieval. No que condiz ao conhecimento, hoje queremos saber um pouco de cada coisa, para dominar o máximo de conteúdo. Contudo, não conseguimos ter uma visão unívoca do mundo. Vemos o mundo com uma série de coisas linearmente colocadas. Os medievais não observavam o mundo como série de coisas. Mas como um panateísmo, onde em tudo podia ser observada a presença da divindade. Assim, todas as coisas estavam imbricadas, todas as criaturas remetiam a uma única realidade, pois tudo estava em tudo. E lá, na profundidade todas as coisas se encontram como unas.



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