Aspectos da produção folhetinesca de Teixeira e Sousa
(Departamento/Instituição: PPgEL/UFRN)
Durante o final do século XVIII e praticamente todo o século XIX, predominou, no mundo ocidental, a estética romântica nas manifestações literárias. Foi nesse período que ocorreu a consolidação do romance moderno enquanto gênero literário. O século XIX gerou grandes romancistas: Dostoievski, Flaubert, Eça de Queirós, Machado de Assis. No entanto, antes do surgimento desses nomes, foi necessária a existência de “autores menores”, que lapidaram, às vezes sem muito resultado, a substância e a forma do romance. No Brasil, como exemplo de um primeiro momento do romance, ainda em sua forma rudimentar e desordenada, pode-se citar o nome do carioca Teixeira e Sousa (1812-1861). De origem humilde, o carpinteiro Teixeira e Sousa era fascinado pelas histórias contadas diariamente na parte inferior da primeira página dos jornais do período: os folhetins, narrativas importadas da França nas quais predominavam clichês, ação e mais ação. Certo dia, Teixeira e Sousa teve a idéia de criar seu próprio folhetim e mandá-lo aos jornais do Rio de Janeiro. Foi o que vez. E deu certo: o público gostou da narrativa ambientada em solo nacional. O enredo era falho, a linguagem embolada, mas valia a intenção. A partir de então o autor produziu outros folhetins, conseguindo atingir um público leitor ávido pela “cor local”. A produção romanesca de Teixeira e Sousa é marcada pelas características do folhetim: utilização exagerada da peripécia, uso sem medida da digressão, aspecto mecânico da intriga, personagens estereotipadas sem interioridade psicológica, ênfase na crise moral das personagens e a necessidade da narrativa trazer em si um bom ensinamento para o leitor. Segundo Antonio Candido, Teixeira e Sousa tem uma importância histórica no romance brasileiro por representar a perspectiva folhetinesca no Romantismo nacional. A obra de Teixeira e Sousa consta dos seguintes títulos: O filho do pescador (1843), Tardes de um pintor (1847), A Conjuração de Tiradentes (1848-1851), Maria ou A menina roubada (1852-1853/1859), A providência (1854), As fatalidades de dois jovens (1856). Muitos desses romances não passaram da primeira edição, aspecto que dificulta o acesso às narrativas do autor. RIO DE JANEIRO 27 DE NOVEMBRO DE 2007EDSON NUNES MACEDO
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