O enigma dos 4 livros
(Superinteressante)
LIBRI FATALIS
Em um monastério medieval, um homem está escrevendo. Seus instrumentos: um pergaminho de pele de ovelha e uma pluma. O resultado de seu trabalho será um objeto único e precioso. Um livro.
Havia uma coleção de obras misteriosas nos subterrâneos do Templo de Júpiter. Era conhecida como Libri Fatales, os "Livros do Destino", ou Libri Sibillini, os "Livros da Sibila".
Revelar seu conteúdo rendia a pena de morte. Interpretando os versos, os sacerdotes prescreviam construções de templos, orações ou sacrifícios humanos. A coleção foi destruída em 83 a.C., quando o Templo de Júpiter ardeu em chamas. De seu conteúdo, restaram apenas alguns poucos versos.
A história dos Libri não acabou com o incêndio do templo. os versos traziam previsões, "escritas séculos antes do nascimento de Jesus", que falavam sobre a vinda do Messias.
DELÍRIOS DE SÃO TOMÁS
Um casal de gêmeos siameses é embalado por um pássaro azul gigante. Sob as asas negras de um corvo, um macaco toca violino. As imagens acima dos gráficos do Aurora Consurgens - um dos livros mais obscuros da Idade Esse seria o último livro escrito por são Tomás de Aquino. Aurora pertence a um gênero há muito desaparecido: o tratado alquímico. Os praticantes da alquimia Seus praticantes dedicavam-se a encontrar a fórmula da "pedra filosofal", capaz de converter metais em ouro e de prolongar a vida. Aurora foi uma das obras mais raras do mundo ocidental. "À primeira vista, o Aurora parece um texto esquizofrênico, com múltiplos sentidos divergentes", diz Gelson Luis Roberto, presidente do Instituto Junguiano do Rio Grande do Sul. "Mas um olhar mais cuidadoso revela que, talvez, trate-se dos últimos estertores de uma mente brilhante."
O ENIGMA DE VENEZA
A obra tem biografia tão intrigante quanto o título da capa: Hypnerotomachia Poliphili, que numa tradução aproximada do grego significa "A Luta Amorosa de Poliphilo em um Sonho". Apenas o editor é conhecido: Aldus Manutius, o primeiro impressor profissional da Itália.
O Hypnerotomachia tem magníficas ilustrações em litogravura. Escrito numa mistura de latim, italiano, grego, hebraico, árabe e imitações de hieróglifos egípcios, a narrativa mistura pesadelos, aventuras e devaneios eróticos, e comentários sobre literatura, arte e música. Durante um sonho, Poliphilo parte em busca de sua amada, Polia, atravessando bosques, ruínas e cidades bizarras. Nesse cenário delirante, depara com deuses, ninfas e dragões. No best seller O Enigma do Quatro, publicado no Brasil em 2005, os autores tentam encontrar significados ocultos nos jogos de palavras do livro. Sobre a identidade do autor, apenas pistas. Por exemplo: alinhadas, as letras iniciais de cada um dos 38 capítulos formam a frase "Poliam Frater Franciscus Colonna Peramavit" - em latim, "O irmão Francisco Colona amava Polia loucamente". Sabe-se que na época havia dois Franciscos Colonna: um aristocrata e um monge. Na década de 1990 Liane Lefevre sugeriu que o autor seria Leon Battista Alberti, artista do Renascimento, pintor, músico, arquiteto, filósofo, poeta e lingüista. Com um currículo desse calibre, Alberti bem que poderia ter escrito o livro mais complicado da literatura ocidental.
O DOUTOR FANTÁSTICO
As Opera Omnia Paracelsi ("Obras Completas de Paracelso") entraram para o panteão dos enigmas pelas lendas e controvérsias sobre o autor. Theophrastus Philipus Aureolus Bombastus, conhecido como Paracelso, é um dos autores mais esquisitos na história. Era médico, químico e astrólogo; baixinho, enfezado e beberrão. Há quem diga que ele estudou os segredos de Constantinopla.
Para ele, o Universo tinha demônios, espíritos e bruxas. Magia e ciência se cruzavam. Parecia inexplicável que a ciência maluca de Paracelso funcionasse tão bem - ele conseguia curar mais gente do que seus críticos.
A maior parte dos seus escritos foi reunida na coleção Omnia Opera, publicada no século 16. Essa combinação de cientista moderno e feiticeiro medieval ainda é um enigma - e as páginas de seus tratados continuam tão intrigantes e perturbadoras quanto 5 séculos atrás.
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