(Segunda parte> FINAL!)Tão logo pegaram na arma, viram que ela não era a do crime por que estava cheia de ferrugens e com teias de aranha no pequeno orifício da alma do cano. Nova reunião foi feita, desta vez, o suspeito foi mais pressionado, Baracho insistindo para que ele dissesse o que fizera na noite do crime e os demais querendo que ele confessasse a autoria do delito e entregasse a arma verdadeira.Como ele permanecia no mutismo, Baracho lhe disse:Ninguém acredita em você, nem a sua família, uma vez que foi ela quem nos relatou sua longa ausência noturna, você só tem a mim lhe dando crédito e já começo a me arrepender. A partir de agora, deixo a seu critério decidir se prefere tomar uns trinta anos do tribunal do júri, com todos os jurados contra você já que não posso fazer parte do tribunal, ou, se prefere ajudar-me contando os seus passos na, noite de ontem!.Se eu contar vocês prometem não dizer ao seu "Juca" que eu falei?Não prometemos nada, entretanto, você mesmo acaba de nos dar a pista que precisávamos, disse o delegado, ocasião em que Baracho acrescentou a fala do delegado dizendo ao suspeito que ele deveria relatar tudo, senão, iriam descobrir quem era Juca e, assim, saberiam de tudo.Assim pressionado, o suspeito relatou que saíra de sua casa por volta de 22:00 horas com a garrucha calibre 320, dando um tiro com ela num moirão de cerca, em seguida, foi para a casa de Juca, um pouco distante de sua, onde sempre havia um jogo de baralho, conhecido como "pif-paf" e valendo dinheiro em quantias módicas. Estava lá quando uma pessoa chegou noticiando que a sua ex-namorada acabara de ser assassinada e a polícia fora chamada. Naquele momento, Juca dissera aos oito rapazes presentes e participantes do jogo:"Ninguém pode falar que estava em minha casa, jogo proibido dá cadeia. Se alguém me delatar me pagará depois, além disso, todos os demais deverão negar a existência do jogo o que colocará o “dedo duro delator” como mentiroso”.Com um papel na mão, Baracho começou a inquirir o suspeito perguntando detalhes da casa de Juca, o que comeram naquela noite, quem estava a sua direita e a esquerda, quem estava ganhando no jogo, quem perdera, enfim, uma série de detalhes que só poderiam ser relatados por quem realmente estivesse naquela casa e na mesa de jogo.Munidos das informações, todos foram a casa de "Juca" com o suspeito algemado e, assim o reapresentaram ao Juca, antes, contando a ele que nenhuma providencia policial seria tomada por causa do jogo. Mesmo assim, Juca, com olhares faiscantes para o conduzido, insistia em negar a presença dele em sua casa. Naquele momento, Baracho lhe disse: o jogo nem crime é e, sim, uma mera contravenção penal, assim mesmo discutível, não havendo a prisão em flagrante ele e seus companheiros nem seriam presos, ocorrendo nova, negativa de álibi por parte de Juca, naquele instante, Baracho começou a relatar tudo o que ouvira do suspeito, inclusive as piadas durante o jogo, terminou dizendo a Juca que ele seria preso e as mesmas informações seriam conferidas com os demais participantes do jogo quando, na certa, a verdade acabaria por vir à tona com todos tomando conhecimento de que a polícia sabia do que conversaram comeram, ganharam ou perderam etc.Deu certo!, Juca confirmou que o rapaz suspeito chegara em sua casa por volta das dez horas da noite do assassinato da moça e só saíra de lá por volta de duas horas da madrugada, depois que ficaram sabendo do crime ocorrido, e que ele era totalmente inocente, pelo menos da pratica do crime e, sendo muito pobre, não poderia tê-lo encomendado.Todos os presentes ao jogo foram ouvidos e confirmaram a versão do rapaz que fora preso e autuado duas vezes por um crime que não cometera.Ele foi liberado e viajou para São Paulo, porém, sempre que podia, ia a Delegacia para saber se haviam descoberto o assassino, o qual, até hoje, pelo que se sabe, a autoria do crime continua desconhecida. Resta um consolo, pelo menos, graças ao Baracho, um inocente não veio a pagar por um delito que não praticara."É PREFERÍVEL DEZ CRIMINOSOS SOLTOS A APENAS UM INOCENTE PRESO". (aa.)
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