A cesta encantada
(Cybele Meyer)
Era uma vez uma senhora baixinha, magrinha, com cabelos bem branquinhos enrolados num birote, que andava com passos lentos e trazia nas mãos uma linda cesta de palha coberta com uma toalha toda bordada em ponto cruz.Ela caminhava em direção à Praça das flores vermelhas, como era chamada, uma vez que só nasciam flores desta cor. Sentava sempre no mesmo banco e apoiava a cesta em seu colo e ali ficava, durante horas, apreciando a beleza das flores e sentindo seu inebriante perfume. Depois de um certo tempo levantava e fazia o caminho inverso.Todos os dias eram a mesma coisa.Foi então que Da. Maroca, moça que morava em frente à Praça e que era curiosa que só, resolveu perguntar o que aquela senhora guardava dentro daquela cesta. E lá foi ela em direção à Praça.- Bom dia! Falou D. Maroca já se sentando ao lado da velha senhora.- Bom dia para você também! Respondeu com um sorriso nos lábios.- Eu gostaria muito de saber o que a senhora guarda dentro desta cesta!- É uma Cesta Encantada! Disse olhando-a no fundo dos olhos.- ENCANTADA? Perguntou Da. Maroca com os olhos arregalados.- Sim, minha querida, ela resolve qualquer problema. É só pedir.- Então a senhora me empresta ela?- Com certeza! Pode levá-la. Quando chegar em sua casa, coloque-a em um lugar de destaque e a todo instante você deverá reforçar o pedido. Só tem uma condição. Você não pode olhar o que tem dentro. Caso tire a toalha para ver o seu conteúdo, a magia escapará e você não conseguirá mais recuperá-la.Da. Maroca concordou imediatamente. Pegou a cesta e andou rapidamente em direção à sua casa.No dia seguinte, lá estava a velha senhora sentada no banco da Praça. Da. Maroca caminhava com um semblante alegre, há muito tempo não visto e trazia numa das mãos a Cesta Encantada. Ao seu lado vinha sua amiga Marina que, já sabendo do sucesso da Cesta Encantada, também fazia gosto em levá-la para casa. Assim, a notícia de que a cesta realmente era Encantada, foi se espalhando... se espalhando... e, a cada dia, mais gente vinha pedir a cesta emprestada.Isto ocorreu diariamente por algumas semanas.Num belo dia, quando a simpática senhora, dona da cesta Encantada vinha chegando perto da Praça das flores vermelhas, notou que havia uma fila imensa de pessoas que a aguardavam. A fila contornava toda a Praça. Muito alegre continuou a andar vagarosamente em direção ao banco. Lá chegando e vendo a infinidade de pessoas que a esperavam, percebeu que era chegado o momento da revelação. Com sua voz branda e meiga pediu gentilmente para que todas se aproximassem, pois naquele momento iria revelar a magia que havia dentro da cesta.Qual não foi a excitação das pessoas que ali estavam! Todas estavam cheias de preocupações e cada uma trazia nos olhos a esperança de que seus problemas estavam a um passo de serem resolvidos. Foi quando, a velha senhora pediu silêncio e começou a falar calmamente:- Hoje farei a revelação sobre o encantamento que existe dentro da minha cesta. Todos se posicionaram a sua volta. Ela então colocou a cesta no centro do círculo formado por aquelas pessoas que ali estavam e disse:- Assim que vocês descobrirem o segredo que existe na minha Cesta Encantada, cada um de vocês poderá fazer a sua própria cesta e assim não mais precisarão pegar a minha cesta emprestada.Não se ouvia um único ruído na Praça. A atenção estava voltada somente para a velha senhora. Num brusco movimento ela retirou a toalha que cobria a cesta e qual não foi a surpresa de todos que ali estavam!NÃO HAVIA NADA DENTRO DA CESTA!Antes que qualquer uma das pessoas pudesse falar algo, a sábia senhora continuou:- Na verdade o encantamento não existe dentro da cesta e sim dentro do coração de cada um de vocês. Vocês só têm que acreditar!!!!- Todos nós temos um poder imenso dentro do nosso coração, mas nunca nos lembramos disto. Foi preciso uma cesta vazia para fazer cada um de vocês, acreditar que este encantamento existe! Agora, ao irem embora, ao invés de levarem o encantamento dentro da minha cesta, levem o encantamento dentro do coração de cada um de vocês. Neste momento, todas as pessoas que ali estavam, foram se afastando, uma a uma, com um brilho diferente no olhar. A sábia senhora pegou calmamente a toalha bordada em ponto cruz, cobriu cuidadosamente a Cesta Encantada e saiu caminhando, com passos lentos, à procura de uma nova Praça para se sentar.
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