BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Pragmatismo
(Henrique de Lima)

Publicidade
O pragmatismo é, antes de tudo, um
método, do qual decorre uma teoria da verdade. Apesar de constituir um
movimento aberto e antidogmático, e ainda que seus teóricos não tenham
elaborado um sistema completo, há traços gerais comuns entre seus defensores.
Para os pragmáticos, o conhecimento é
concebido como essencialmente modificador da realidade, portanto, a construção
da verdade deve corresponder à construção da própria realidade. Conhecimento e
ação se convertem em termos equivalentes. O eixo central da teoria pragmática é
a ênfase na utilidade “prática” da filosofia – tão combatida por Russell.

Centrado na análise do significado da
experiência, o pragmatismo foi entendido como uma perspectiva em torno do
conceito de verdade que, em seu processo de expansão, atingiu os setores
representados pela ética e a religião. A teoria pragmática da verdade sustenta
que o critério de verdade está nos efeitos e conseqüências de uma idéia, em sua
eficácia, em seu êxito, no que depende, portanto, da concretização dos
resultados que espera obter. Verdadeiro e falso são, portanto, sinônimos de bom
e mau, valores lógicos que têm caráter prático e só na prática encontram
significado.

A
rigor, o pragmatismo americano começou a tomar forma nas reuniões do Clube
Metafísico de Boston, que existiu entre 1872 e 1874 e ao qual pertenciam, entre
outros, Peirce e W. James.

A primeira teoria pragmática foi
publicada por Peirce, no artigo “How to
Make Our Ideas Clear” (Como tornar claras nossas idéias), na revista Popular Science Monthly. Seu objetivo era
elaborar uma lógica da ciência que, mediante um estudo das relações entre os
signos e seus objetos, possibilitasse a definição do significado preciso de um
conceito, ou seja, suas conseqüências verificáveis na experiência. A partir da
idéia segundo a qual “a função do pensamento é produzir hábitos de ação” e “o
que dá sentido a uma determinada coisa é apenas o conjunto dos hábitos que a
envolvem”, Peirce desenvolveu a máxima pragmática: “Para averiguar o
significado de um conceito intelectual, é preciso considerar que conseqüências
práticas podem ser inferidas como resultantes, necessariamente, da verdade
desse conceito. A soma dessas conseqüências constituiria o significado do
conceito”.

Em outras palavras, postula que, para
ter significado, um conceito ou idéia deve apresentar, em primeiro lugar, um
correlato prático suscetível de comprovação experimental; segundo, que suas “conseqüências”
se diferenciem claramente das de outro conceito. Dessa forma, a verdade de um
conceito seria seu processo de verificação.

De acordo com essa tese, as idéias são
concebidas como instrumentos e planos de ação, previsões acerca das prováveis
conseqüências de determinada ação, hipóteses que, dependendo de sua eficácia,
valor ou utilidade, permitem uma melhor organização da conduta do homem no
mundo. No terreno metodológico, portanto, não rejeita a elaboração de hipóteses
ou teorias, mas exige que estas partam dos dados da experiência e apresentem
resultados práticos e verificáveis. Em suma, o critério adotado para a
construção das teorias deve ser o da maior utilidade possível para as necessidades
e interesses humanos. Mais tarde, Pierce proporia o nome “pragmaticism” (pragmaticismo)
para sua teoria, no intuito de diferenciá-la das correntes surgidas
posteriormente.

A partir da publicação de The Will to
Believe (1897; A vontade de crer) e Pragmatism (1907; Pragmatismo), William
James procurou transpor para o campo da ética e da religião o que havia sido
pensado com sentido científico e metodológico. Assim, estabeleceu três
condições básicas para uma afirmação ser considerada verdadeira: i) estar de
acordo com a realidade e com os objetos da experiência; ii) estar de acordo com
aquelas relações de índole puramente mental, que são verdades absolutas e
incondicionais e que se conhecem como definição e princípios; e iii) estar de
acordo com o conjunto de outras verdades já verificadas.

Portanto, é verdade absoluta que um mais
um somem dois, que dois mais dois somem quatro e que o branco se distinga do
preto, pois a verdade dessas relações é óbvia e não necessita de verificação
empírica, o que a torna eterna. Para James, quando uma verdade resiste a essas
três condições, sua verificação está cumprida – e ela passa do estado de
pretensão ao de certeza.

No que se refere à religião, embora não
acatasse a validade das provas convencionais da existência de Deus, admitiu a
validade das experiências de conversão místico-religiosa, já que resultavam
numa vantagem indiscutível para o indivíduo, em termos de “expansão vital” e “enriquecimento
espiritual”. Na mesma linha, Schiller postulava que, “se a hipótese da existência
de Deus funciona de modo satisfatório, no sentido mais geral do termo, então é
verdade”. Para Schiller, a lógica e a verdade são meros instrumentos variáveis,
a serviço do homem. É “verdadeira” aquela afirmação que tem êxito, cujo
resultado prático é bom – sendo que seu significado é definido pelo uso ou
emprego que dela se faz.

O último grande teórico do pragmatismo
foi o americano John Dewey, cujo instrumentalismo pretendia integrar a lógica
de Peirce ao humanismo de Schiller. Para ele, a pesquisa científica seria,
antes de tudo, um processo de avaliação e ordenação dos dados da experiência
para, a partir deles, formular hipóteses submetidas ao critério de
verificabilidade. No campo da ética, a pesquisa teria como finalidade elaborar
um novo sistema de valores, baseado na consideração metódica da utilidade moral
e social das várias alternativas possíveis.O pragmatismo firmou-se como a filosofia dos
resultados, da experiência humana em contato com as coisas, da ação positiva.
Seu declínio veio com o advento das escolas neopositivistas e logicistas, que
impuseram maior rigor e operatividade às análises do significado e da verdade
de um conceito.



Resumos Relacionados


- Direito E Democracia: Entre A Facticidade E A Validade

- Lógica E Filosofia

- Seria Roma A Sede Da Igreja Verdadeira?

- Ideologia E Conceito

- Como Tornar As Nossas Ideias Claras



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia