Por Amor das Cidades
(jacques le goff)
Jacques Le Goff na sua obra Por Amor das Cidades, responde a um conjunto variado de questões sobre as cidades, usando comparações entre a cidade antiga, a cidade medieval e a cidade actual, dando grande ênfase à cidade de Paris, mas também passando por outras cidades (Veneza, Florença, etc.).
Pela leitura da obra e através da análise dos elementos gráficos que a compõe é fácil perceber que a cidade como hoje a conhecemos está mais próxima da cidade medieval, do que a medieval da antiga. Em termos arquitectónicos, os centros urbanos medievais são comparados com os actuais, abordando aspectos como a verticalidade, as construções subterrâneas, a vida no centro e na periferia. Também aparecem comentários à mendicidade, aos estudantes universitários, às classes no geral (da nobreza aos pobres) à preocupação com a segurança, às novas construções que surgem na cidade medieval entre outros aspectos políticos, sociais, religiosos, administrativos e económicos. As muralhas isolam a cidade, e, se a cidade medieval tinha muralhas, a cidade contemporânea é cercada pela via periférica. O medo e a vigilância (segurança) também se mantêm na cidade, contudo, se antes os perigos eram exteriores à cidade, hoje eles estão no interior da mesma.
O século XI é o grande período da urbanização, o que se faz a partir de núcleos que eram dominados por um senhor eclesiástico e mais tarde por um conde que dominavam dois territórios: a cidade (com o campo em seu redor) e os burgos.
O terceiro capítulo desta obra, O poder na cidade, o ideal da boa governação, vai-nos descrever vários métodos e meios de poder como as comunas, o modo como a Igreja influencia a vida na cidade e as revoltas urbanas.
Na cidade, na Antiguidade e na alta Idade Média há um senhor que muitas vezes é um membro do clero (bispo), mais tarde, aparece o feudalismo e a seguir há a emancipação das cidades. Com o feudalismo, cada região tem um senhor que a domina, este senhor, na sua cidade manda construir um castelo que serve de “forte” militar, onde vai exercer o seu poder. Segundo o autor: “”Comunal”, como “feudal” são adjectivos ambíguos…” (p.95), ou seja, tem o seu duplo sentido ou até são termos incertos e duvidosos porque nem todas as cidades são comunas e logo tem todas possuem a “carta comunal”.
Para que os burgueses (novos ricos, na sua maioria mercadores) fizessem as suas conquistas houve muita violência, era preciso ter do senhor os privilégios e depois a carta comunal que é o que lhes dava o poder sobre a cidade. Logo, pode-se dizer que burgos representam a nova forma da cidade na sua organização. Com esta nova organização, tudo muda começando pelas famílias que agora habitam em casas feitas para famílias nucleares, para uma família restrita constituída por pai, mãe e filho(s).
Para uma boa governação, quer-se paz e justiça. Ao evitarem-se conflitos, todos estão em segurança, e a legislação tende a ser igual para todos tentando não prejudicar os mais pobres, e essencialmente é preciso que ninguém ou que nenhum grupo se destaque na população a fim de evitar revoltas, o que não se conseguiu evitar durante o século XIV, e tal como hoje acontece, a palavra de ordem das revoltas é: Injustiça, o que mostra que a cidade medieval está de novo próximo da cidade em que hoje vivemos.
Tal como hoje, existiam bairros de vários “preços”, bairros rios, pobres e modestos. Quanto mais para o centro da cidade mais caro e quanto mais perto de alguns centros secundários (por exemplo conventos) também era mais caro. A diferença entre antigamente e hoje é que não havia regulamentação de controlo de terrenos, mas a noção do preço justo foi estudada e elaborada na cidade da Idade Média.
Quanto à forma da cidade, à sua planta, ela deve permitir uma defesa confiante e para isso constroem-se muralhas, e, existem dois traçados que dominam: o traçado em quadricula e o circular.
É a partir do século XII que os regulamentos de higiene e de urbanismo começam a aparecer, e, por exemplo em Paris é o rei que toma essa iniciativa e verifica-se um crescimento no sentido da ordem e da limpeza da cidade, qualidades que a fazem progredir.Hoje a função politica tem mais impacto na nossa sociedade do que tinha na Idade Média, nesta época, o centro do poder na cidade não teve o impacto que se esperava.
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