A Verdadeira Dor de Atleta-O esporte a serviço do poder econômico.
(Carlos Donbosco de Assis.)
ASSIS,Carlos Donbosco.A VERDADEIRA DOR DE ATLETA- O esporte a serviço do poder econômico.Edições Pulsar –São Paulo-Brasil 1997.
O livro foi dividido em l8 capítulos e 2 anexos, distribuídos em 258 páginas, com o Prefácio do Professor Ricardo Melani da PUC-SP. O autor entrevistou 56 pessoas ligadas direta ou indiretamente ao desporto.
No livro A Verdadeira dor de Atleta – o esporte a serviço do poder econômico, o autor, através de seu estilo simples explica, levantando dados e fatos extraídos da grande imprensa, somado à suas experiências na área desportiva de mais de trinta anos como Atleta, treinador e Professor de Educação Física, o funcionamento e o custo econômico, político e social do qual o esporte está inserido no Brasil e no mundo.
Logo na introdução, Assis já aponta as contradições da sociedade capitalista no qual o esporte está a serviço, mostrando que este sistema mata as pessoas sem reação, através da fome, analfabetismo e alienação criando rivalidade e aumentando a disputa.
O desporto deve na visão do autor, estar a serviço da humanidade e não a serviço do poder econômico como se apresenta na atual conjuntura sócio-política. Cita como exemplo o fato de a população criticar, e com razão, os salários de políticos como o ex-presidente FHC, que recebia um salário em torno de R$ 8 mil reais, fora as mordomias, entretanto a mesma população não consegue perceber e criticar o jogador Romário que, entre outros, chega a ganhar dez vezes ou mais que o presidente e outros parlamentares. Assis explica contudo, que não está defendendo os parlamentares e muito menos o ex-presidente, pois é mais difícil fazer com que essas pessoas entendam que são elas que pagam o tal luxo, seja através das estatais ou da iniciativa privada.
O livro aponta o desporto como instrumento do capitalismo, dentro da era da abertura dos mercados, no qual segundo o autor, está contribuindo para a exclusão de um contingente muito grande de pessoas do acesso ao consumo. O custo da publicidade que é vinculada na mídia é repassado para o preço final do produto, e quem paga é o povo. O patrocínio leva a marca, mas sem o povo não existe o mercado de consumo.
O Atleta, por sua vez, acaba reproduzindo e sendo um agente importante como instrumento para sustentação do sistema capitalista nesta atual conjuntura.
A VERDADEIRA DOR DE ATLETA- O esporte a serviço do poder econômico também afirma que a competição extrapolou da vida desportiva para a sociedade em geral, transformando simples mortais em deuses poderosos. Os melhores obtém a vitória no mundo competitivo e os fracos, a derrota. A discussão não segue nesta linha, pois ganham os melhores, mas são os mais fracos que continuam a pagar a conta e sustentar o luxo dos vencedores. De acordo com o autor, omitir-se a essa discussão seria um custo muito alto ao país e a sociedade que desejamos no futuro, por isso ele convida a sociedade para uma reflexão sobre o tema.
O uso político que se faz do esporte se tornou não só uma prática como um hábito constante, em que o ideário do olimpismo foi sendo sugado aos poucos pelo liberalismo onde o estado gasta sem limites para fazer a política do circo sem o pão.
O livro nos ajuda a entender sobre o cargo de ministro de esporte que Pelé assumiu no governo de FHC, onde propôs uma nova lei de esporte no país, a “lei Pelé”, que deixa muito evidente e assegura a exploração capitalista no meio desportivo.
Outra clara evidência que o trabalho do Assis contribui se refere à ética corrompida por um número elevado de Atletas que buscam formas artificiais como por exemplo drogas, que visam melhorar seus resultados nas competições. Os atletas também utilizam contratos que burlam o tesouro nacional, junto com os grandes clubes que, além de deverem milhões para a previdência, participam deste esquema inescrupuloso.
Para contribuir sobre a necessidade de uma profunda reflexão a respeito dos grandes investimentos para realização de mega-eventos, Assis cita como exemplo o México que realizou em 20 anos umevento de Jogos Olímpicos em 1968 e dois de Copa do mundo de Futebol, em 1970 e 1986 respectivamente. Esse país pagou de juros da dívida externa entre 1970 e 1987 a quantia equivalente a 102,5 bilhões de dólares. Entretanto, a vida dos mexicanos pobres não melhorou, só aprofundou a miséria e a distância entre ricos e pobres.
Assis não se conforma com as inversões de valores na sociedade. O Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo e entre os últimos na distribuição de renda. Alguns países tentam mascarar a realidade investindo no esporte para aumentar o número de medalhas.
O autor encerra o livro mostrando um ranking mundial contraditório com o espírito olímpico no que se refere a distância entre os países medalhistas e os não atletas medalhistas, assim como as condições de vida de país rico e pobre. De uma coisa Assis tem certeza, o capitalismo não é o caminho para a humanidade, somente a construção de uma nova sociedade e a solidariedade internacional dos povos poderá reverter este ranking injusto, ou iremos todos para o abismo, diz o autor de A Verdadeira dor de Atleta- o esporte a serviço do poder econômico .
Resumo de
Vitória da Conceição Almeida
10/12/2007
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