Segredos da Voz - Registos
(Manuela de Sá)
Frèche, 1984: Equivale a um grupo de notas ou frequências, emitidas segundo o mesmo padrão vibratório laríngeo, obtendo-se assim uma unidade tímbrica. Na voz humana, os registos distinguem-se pelo uso de ressonâncias de peito (sensações e vibrações no esterno), ressonâncias médias ou faringo-bucais (nível da faringe e boca) e ressonâncias de cabeça (nível da naso-faringe e caixa craniana).
Uma voz mal trabalhada apresenta zonas de fissura ao longo da sua extensão, enquanto uma bem trabalhada mistura tão bem as diferentes zonas de ressonância que o efeito é a homogeneidade tímbrica em toda a extensão vocal.
Frèche, 1984: o ligamento vocal possui fibras elásticas e fibras de colagéneo inextensíveis. Quando este ligamento sofre um estiramento pequeno, as fibras elásticas respondem e as cordas vocais alongam-se. Se o estiramento é muito grande as fibras colagéneas reagem impedindo um maior alongamento das cordas vocais. Neste caso, a tensão longitudinal do ligamento vocal é produzida pela contracção do músculo crico-tiroideu. Esta contracção aproxima as cartilagens tiróide e cricóide, alongando as fibras das cordas vocais.
Quando uma voz apresenta fissura entre zonas, e insiste em emitir agudos à custa de pressão de ar e não através da busca de ressonâncias cranianas, há o risco de má utilização vocal. Estes excessos podem conduzir a espessamentos edematosos no epitélio da mucosa das cordas vocais. Para o evitar, o cantor deve respeitar, além de outros factores, a sua tessitura (gama de frequências cómodas) e a cobertura das vogais, antes do ponto de fissura ou passagem.
Cada voz tem a sua zona própria de cobertura, situando-se nas vozes médias femininas entre o si3-dó4 e para as vozes agudas entre o mi4-fá4; para as vozes masculinas situa-se sensivelmente uma oitava abaixo. Esta cobertura consegue-se com a adaptação das vogais. O [a] aproxima-se do [ó], o [ó] do [o], o [é] do [ê], o [i] do [ü] (francês e alemão), de forma a que o palato mole se contraia e as sensações vibratórias se encaminhem para a caixa craniana.
A igualdade tímbrica consegue-se misturando sempre as ressonâncias superiores e inferiores. Os graves devem ser sempre acompanhados de algumas ressonâncias de cabeça, e os agudos nunca devem abandonar completamente as ressonâncias inferiores, de modo a tornarem-se imperceptíveis as zonas perigosas de passagem.
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