Uma Vela para Dario
(Dalton Trevisan)
Dario, vem apressado, guarda-chuva no braço esquerdo.Assim que dobra a esquina, diminue o passo até parar, encosta-se numa parede, escorrega e cai numa calçada.Está morto.Dois ou três passantes que passavam correm até ele e lhe abrem os paletó, a camisa e lhe tiram o sapato.Murmuram que ele estava de cachimbo e guarda-chuva, mas não acham nada.Chamam um táxi e o arrastam até lá, o motorista protesta por quem vai pagar a corrida.Ninguém quer. Encostam Dario de novo na parede, sem os sapatos e o anel de pérola na gravata.Arrastam Dario até uma peixaria,perto da farmácia, mas ele é muito pesado.Deixam-no na parede, sem o relógio de pulso.Procuram nos bolsos por documentos para identificação.Cerca de 200 pessoas estão á sua volta, quando chega a policia.Várias pessoas tropeçam em Dario, que é pisoteado 17 vezes,o guarda se aproxima do corpo, mas não consegue identifica-los, pois os bolsos estão vazios.Um senhor piedoso se aproxima e cruz as mãos de Dario, apoiando sua cabeça numa pedra.A multidão se espalha, as mesas do bar estão vazias.Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os braços observam a cena.Um menino de cor vem ao lado e acende uma vela para Dario.Três horas depois lá está Dario, morto á espera do rabecão, sem o paletó e aliança.O toco da vela apaga-se sob as primeiras gotas de chuva, que volta a cair.
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