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HUMANISMO[BR][BR]
HUMANISMO= doutrina ou atitude que se situa expressamente numa perspectiva antropocêntrica, em domínios e níveis diversos, assumindo, com maior ou menor radicalismo, as conseqüências daí decorrentes. Manifesta-se o humanismo no domínio lógico e no ético. No primeiro, aplica-se às doutrinas que afirmam que a verdade ou a falsidade dum conhecimento se definem em função da sua fecundidade e eficácia relativamente à ação humana; no segundo, aplica-se àquelas doutrinas que afirmam ser o homem o criador dos valores morais, que se definem a partir das exigências concretas, psicológicas, históricas, econômicas e sociais que condicionam a vida humana. [Cf. ativismo (2), naturalismo (5) e pragmatismo.] [BR]2.Doutrina e movimento dos humanistas da Renascença, que ressuscitaram o culto das línguas e literaturas greco-latinas. [BR]3.Formação do espírito humano pela cultura literária ou científica.
O Humanismo ou Renascimento do século XVI foi afirmando os valores do homem em termos ora mais, ora menos autônomos. No início do século XVII, os sintomas de mentalidade leiga, mesmo atéia, já eram tantos que começaram a inquietar os ânimos tradicionais. Sem dúvida, a ciência progredira muito no século XVI; já se apoiava em observações precisas, levadas a efeito segundo métodos novos, afastando se assim das conclusões formuladas de antemão, sem muito contato com a realidade concreta, como eram as conclusões da Filosofia e da Física medievais. Enfim, a ciência, dotada de instrumentos de trabalho cada vez mais esmerados, tendia a se emancipar da Filosofia e de qualquer argumento de autoridade (inclusive da fé). A “vertigem da inteligência” ia-se apoderando de alguns pensadores, que de maneira mais ou menos confessada chegavam a lançar um brado de “morte a Deus”; tal é, por exemplo, a exclamação de Campanella (1568´1639), frade que chegou a abandonar momentaneamente a sua profissão religiosa (mas que acabou tranqüilamente os seus dias no convento de Saint Honoré em Paris): “Alguns cristãos descobriram a imprensa, Colombo descobriu um novo mundo, Galileu novas estrelas... Acrescentai o uso dos canhões, da bússola, dos moinhos, das armas de fogo e todas essas invenções maravilhosas. Os pensadores de ontem eram crianças junto a nós! Nós somos livres!” A humanidade que assim pensava ter atingido a idade de adulto, julgava que, para o futuro, poderia dispensar a “tutela de Deus”. Ao lado dos que se entusiasmavam por uma ciência quase absoluta, havia os céticos, representados principalmente por Michel de Montaigne (1533´1592), que não menos perigosamente corroíam as tradicionais concepções cristãs. Montaigne peregrinava pelos grandes santuários da Europa, mas, como dizia um seu contemporâneo, o Pe. Garasse S.J., “sufocava suavemente, como que com um cordel de seda, o senso religioso” , mediante as suas proposições ambíguas. Diante dessas novas correntes de pensamento, que atitude tomavam as autoridades eclesiásticas? Nos casos de flagrante impiedade e ateísmo, reagiam fortemente, desconfiando da nova ciência, movidas pelo desejo de preservar a verdade e os valores da cultura (daí a sua reação contra Campanella, Tanini, Teófilo de Viau ...). Quando, porém, a contestação era habilmente dissimulada por seus autores, parece que os eclesiásticos não avaliavam plenamente a gravidade do perigo; Montaigne, por exemplo, submeteu, com todos os sinais de respeito, suas obras aos censores eclesiásticos; estes em resposta delicada lhe pediram que em consciência tratasse de retocar o que julgasse dever retocar! ... Estas reações são sintomáticas, pois revelam bem um período de transição e incertezas em que os pensadores (tanto os tradicionais como os invasores) ainda não vêem plenamente o significado de valores novos que vão surgindo no cenário da civilização os erros eram bem possíveis, tanto da parte dos inovadores como da parte dos tradicionais, antes de se chegar a justa assimilação dos elementos em causa ou a incorporação dos elementos novos na síntese antiga. Ora foi precisamente num ambiente de certa reação contra a fé, reação encabeçada por uma ciência aparente, que viveu Galileo Galilei (1564-1642).
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