A Queda D''água
(José Guimarães)
Ele passou um fim de semana encantador. Veio de São Paulo para o interior de Minas em seu possante Mazda bege conversível. Para os caipiras, aquilo era um avião, não um carro. Para as moças, moço bonito. Corpo talhado. Só músculo. O corpo todo queimado de sol. Ray-ban na testa. Ainda num carrão daqueles? Moça de interior resiste? Uma só, não. Duas. Uma, namoro sério. Outra, só passatempo. E foi com essa que se aventurou. - Não te prometo nada – avisou logo de cara. - E eu me preocupo? - Tem lugar pra gente curtir legal? - Tem umas cachoeiras aqui perto. Lá se divertiram. E uniram seus calientes corpos, formando um só. E foi ouvindo os estrondos da água que se amaram, gostoso, ouvindo o canto dos pássaros, como na música de Roberto Carlos. “Acho que fiquei grávida dele”, pensou ela. "Que bom, moço bonito..." Mas logo se arrependeu: “Não devia ter feito desse modo, sem camisinha.” Mas já era tarde demais. No Domingo, à noite, quando ele retornava para a Capital, ao passar pela queda d’água, entusiasmado com a aventura, perdeu o controle do carro. No exato momento em que pensava: “Acho que engravidei a moça. Preciso sumir daqui”. Na segunda-feira, a notícia, estampada no jornal local: “Jovem morre ao despencar com o carro em queda d’água de 90 metros de altura.” Era ele! A moça chorou muito.
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