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Temas Existenciais em Psicoterapia
(Valdemar Augusto Angerami-Camon)

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Quando um livro sobre psicoterapia se propõe a tratar matérias polêmicas como fé e espiritualidade, concluímos que se trata de uma obra ousada. E é exatamente pela espiritualidade que o livro começa, admitindo logo o espírito quase beligerante que sempre provoca uma questão como essa - tabu no meio psi. Mas segundo o autor, a fé no processo de cura é o determinante maior do sucesso da psicoterapia, e o papel da espiritualidade na prática clínica é possibilitar que “um imenso número de pessoas que simplesmente não acreditam na eficácia da psicoterapia possam dela se beneficiar, uma vez que a vinculam à sua fé, e se também o psicoterapeuta, “não tiver uma fé inquebrantável na capacidade de auto-superação do paciente, de nada adiantará a utilização de técnicas diversas, por mais eficazes que possam ser, porque somos espiritualidade tanto quanto humanidade. Somos espirituais tanto quanto somos psicoterapeutas”. Há também importantes conceituações acerca da relação profissional-paciente, começando pela indiferença, a calosidade profissional que o impede ser tocado pelo sofrimento alheio, "como se fôssemos capazes de acionar algum botão que nos desligasse” de tudo que pudesse abalar nossa estrutura emocional, mas “ao negar a dor do outro, o profissional de saúde nega também sua própria condição humana.” Não se quer que o profissional absorva todo o desespero que envolve uma situação de dor. O ideal é nem calosidade, nem comoção, mas uma postura que permita calor humano sem dramática comoçõres que atrapalhem a ação profissional necessária ao momento. O distanciamento crítico, é o comportamento apropriado, porque “faz com que o profissional possa refletir de maneira serena e segura acerca dos desatinos emocionais do paciente.” O autor conceitua profissionalismo afetivo como “aquela postura onde o profissional trata o doente com respeito pela sua dor e sofrimento, adotando uma postura profissional que, embora pareada por certo distanciamento traz um grande respeito pela dor do outro. O capítulo 3 propõe que “... não é na patologia que determinou a hospitalização que acharemos a decorrência do sofrimento vivido pelo paciente”, mas provavelmente em “fatores subjetivos que estão determinando a própria conceituação de enfermidade e, por assim dizer, do nível desse sofrimento”. A reação depressiva pode alterar o curso clínico de uma doença e se tornar um forte empecilho para bons resultados no processo de reabilitação, tornando-o moroso ou difícil.” Isto sinaliza para a confirmação de que “o espectro que o imaginário concebe como inerente a algumas patologias é a própria maneira de configuração até mesmo do sofrimento específico de cada paciente”, com diferentes características para uma mesma ocorrência, porque “o imaginário determina a própria maneira como algumas patologias, ao se manifestarem, agem até mesmo em níveis organísmicos. [BR]O trabalho dos profissionais de saúde na unidade hospitalar, portanto, é direcionado à pessoa humana que ali está em busca de acolhimento não apenas para a angústia de uma sensação dolorosa, mas também para uma condição existencial que carece de acolhimento e compreensão. O capítulo 4 afirma que “não há como desassociar o imaginário da fé perceptiva, pois praticamente um é resultante do outro e, de alguma forma, um se configura a partir do outro. O autor diz que se podemos afirmar com Merleau-Ponty “que o mundo é o que vemos”, contudo precisamos aprender a vê-lo, e a fé perceptiva nos dá parâmetros de configuração daquilo que sentimos e percebemos não apenas sobre a nossa realidade existencial, como também a respeito do mundo que nossa percepção define como tal. Praticamente tudo é determinado pela apreensão que o nosso olhar tem da realidade. “Nossa subjetividade é o modo como estabelecemos nossa vivência de transcendência e como nos definimos como seres pensantes e até mesmo humanos. É no enfeixamento da nossa realidade senso-perceptiva que se forma a nossa subjetividade em tudo aquilo que nos caracteriza como humanos, um ser que transcende a si mesmo e se percebe como fenômeno”.[BR]O último capítulo traz a depressão como “manifestação existencial de defesa de uma pessoa frente às vicissitudes da existência. Um fenômeno humano que se faz presente nas mais diferentes situações e contextos”. Inicialmente o autor conceitua a depressão a partir de três tipos de ocorrências específicas: a melancolia, a nostalgia e o luto. A melancolia é conceituada como “a situação em que a pessoa sofre por aquilo que não viveu”, das escolhas que não fez, das oportunidades que desperdiçou. “A nostalgia, contrariamente à melancolia, é a dor pelas recordações das situações vividas: a saudade que nos traz ao imaginário situações prazerosas vividas no passado, visando dar sentido ao presente ou atenuando o momento cáustico que o presente possa estar configurando.” “A depressão que envolve situações de perdas e luto são aquelas que mais facilmente encontram escora nas conceituações contemporâneas. É comumente definida como sendo depressão reativa, ou seja, que reage a determinadas situações ocasionais e esporádicas”. Um quadro depressivo diante de uma situação de luto, por exemplo, é algo inclusive bastante saudável, na medida em que mostra uma reação organísmica” que visa a reobtenção de equilíbrio e bem-estar. Camon conclui que a depressão revela de modo único a nossa condição humana, a qual traz em seu bojo situações de perda e de luto, de frustrações e de desatinos. E se a depressão permite tantos questionamentos e polêmicas, devemos então aceitá-la como algo decididamente único e pessoal.



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